São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997 |
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Migração aumenta com destino ao Nordeste
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Cerca de 384 mil imigrantes desembarcaram em Estados nordestinos entre 1991 e 1996: 14% a mais do que de 1986 a 1991. Segundo os demógrafos, a principal explicação é a chamada migração de retorno: nordestinos que haviam migrado para outras regiões do país em períodos anteriores estão voltando para seus Estados de origem. Na prática, esse movimento de volta confirma a nova tendência migratória detectada pelo Censo 96: a motivação para os brasileiros deixarem as regiões onde nasceram é cada vez menor. Em contrapartida, aumenta a migração entre cidades do mesmo Estado. 'Eldorados' em baixa Em outras palavras, cada vez menos brasileiros se deixam seduzir pela perspectiva de encontrar melhores oportunidades econômicas e sociais em outras regiões. O "sul maravilha" perdeu seu apelo. Entre esta década e a anterior, o fluxo migratório caiu 14% no país. Não só o Sudeste está em baixa, mas todos os "eldorados" dos anos 80 deixaram de atrair tantos brasileiros nos 90. Terras identificadas com a possibilidade de boas oportunidades na década passada, as regiões Norte e Centro-Oeste foram as que, proporcionalmente, perceberam a maior queda de imigrantes: -22% entre 1991 e 1996. As consequências aparecem na outra ponta da corrente migratória. Diminuiu 44%, o que significa 223 mil emigrantes a menos, o fluxo de brasileiros do Sul para outras regiões do país. Segundo o IBGE, dos três Estados da região, o Paraná é o principal responsável por isso. Ao contrário do que faziam nos anos 70 e 80, os paranaenses estão permanecendo no próprio Estado. Novo mapa Essa radical mudança de comportamento em um período tão curto mudou o mapa dos principais fluxos migratórios do país. A principal rota, do Nordeste para o Sudeste, mantém o primeiro posto no ranking da migração, mas diminui 9% em volume (cerca de 82 mil migrantes a menos). Segundo caminho mais percorrido nos anos 80, a rota Sul-Sudeste perdeu 134 mil migrantes (-43%) e passou a quinto lugar no ranking das migrações. Em seu lugar aparecem os migrantes de retorno do Sudeste para o Nordeste. Outra rota Outra rota que tem origem no Sudeste, a que se dirige ao Centro-Oeste, perdeu 24% de seus migrantes e passou de quinto para sétimo lugar entre as correntes migratórias. Em número de migrantes, a ida de nordestinos para a região Centro-Oeste permaneceu estável, mas ganhou importância relativa, tornando-se, nesta década, a terceira maior rota migratória do país. Texto Anterior: Asfalto, Pelé e anemia Próximo Texto: Influência na oscilação da população é menor Índice |
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