São Paulo, quarta-feira, 6 de agosto de 1997
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Artista apela para fãs na Internet

MARIA ERCILIA
DO UNIVERSO ONLINE

Mais esquisito do que nunca, o artista que já se chamou Prince inventou um jeito novo de vender seus discos.
Seu próximo lançamento, "Crystal Ball", só vai começar a ser produzido quando forem feitas 100 mil encomendas do álbum pela Internet -ou por telefone.
"Crystal Ball" é uma produção independente. O artista pulou todos os intermediários na venda do seu trabalho.
Ele produz sozinho, divulga e vende pela Internet e por telefone -e ainda tem o controle de quantos CDs vai prensar.
O site do artista (www. love4oneanother.com), cheio de mensagens messiânicas, fala a uma claque de fãs, não ao público em geral.
É um esquema exótico: um CD independente, mas de um artista mega.
Seu marketing dá ao comprador a sensação de estar influindo no processo, já que cada encomenda é como um voto para que o disco seja prensado.
Pelos padrões normais das grandes gravadoras, não é uma campanha inteligente.
É muito pouco visível, não tem apelo para o público em geral. Mas para o artista, que já foi longe nas glórias do mundo pop e depois mergulhou fundo na esquisitice, pode dar resultado.
Por menos que venda, "Crystal Ball" lhe dá tanto lucro por unidade que acaba sendo bom negócio.
Pena que tanta mania de controle o deixou meio maluco -a linguagem de "Love 4 One Another" parece coisa de seita religiosa.
Pode ser por falta de opção -ele já não é mais a estrela de "Purple Rain"- mas o artista está enveredando por um caminho que faz sentido: menos intermediação, mais controle da obra, concentração num público específico.
Só que talvez você precise ter sido Prince um dia para vender disco assim...
Telemarketing
A promoção de "Crystal Ball" é bem menos radical do que parece. Afinal, é mais um disco vendido pelo velho e bom telemarketing.
A falta de qualidade do som e o medo da pirataria impedem que se venda música pela Internet. Se não fossem esses detalhes, seria o negócio perfeito: nada mais de discos, capas, distribuidoras.
Só a música viajando pelas linhas telefônicas.
Mas sites como o Iuma (Internet Underground Music Archive - www.iuma.com), muito populares três ou quatro anos atrás, acabaram caindo no esquecimento.
O Iuma é um arquivo de canções gratuitas, que cobra dos artistas para colocá-las na rede. Mas seu acervo ficou muito grande e confuso. A qualidade do som, muito ruim, desestimula os visitantes.
A distribuição pela Internet deu certo para software e sexo, os produtos que mais são vendidos na rede. Mas tanto o software quanto imagens eróticas são muito pirateados.
O problema da pirataria na Internet é que ela rapidamente alcança uma escala muito grande. Qualquer um que grava uma fita está pirateando, mas se você coloca uma música para download, pode atingir milhões de pessoas.
E as pessoas querem ter um CD na mão, e não ouvir música no computador. Quando for possível -e barato- queimar CD em casa, a venda de música pela Internet vai emplacar.
Veja neste endereço um sistema de venda eletrônica de música: www. musicblvd.com/e-mod.

E-mail: netvox@uol.com.br

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