São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA voltam a vender armas sofisticadas

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo embaixador norte-americano na ONU (Organização das Nações Unidas), Bill Richardson, disse ontem que os Estados Unidos assumiram uma "política pragmática" ao reabrirem as vendas de armas sofisticadas para a América Latina, embargadas desde o final da década de 70.
Isso significa, disse ele, que seu país continua rejeitando qualquer corrida armamentista, mas não se opõe à necessidade de modernização das Forças Armadas dos países latino-americanos. "Dos 35 países do continente, 34 estão sob regime democrático", justificou Richardson, sem citar Cuba como exceção.
Ele frisou que as vendas de armas estão sendo negociadas com os países caso a caso: "Os EUA vão julgar aspectos geopolíticos regionais e as relações bilaterais com cada um. Só aí tomará uma decisão".
Além de embaixador dos EUA na ONU, cargo que assumiu em 13 de fevereiro deste ano, Bill Richardson é integrante do gabinete do presidente Bill Clinton e do Conselho de Segurança Nacional.
O embaixador foi bastante reticente ao falar sobre as perspectivas da viagem de Clinton ao Brasil, prevista para outubro. À pergunta da Folha sobre a possibilidade de flexibilização das barreiras comerciais contra produtos brasileiros, como o aço, ele foi evasivo.
Limitou-se a dizer que a pauta de Clinton no Brasil será ampla e enumerou os assuntos previstos: economia, política, relações bilaterais e relações com as Nações Unidas. Nem sequer se referiu aos problemas comerciais e ao aço.
Sobre a inclusão de novos países no Conselho de Segurança da ONU, reafirmou que, além de Japão e Alemanha, serão admitidos três outros: um da América Latina, um da Ásia e um terceiro da África.
Ele deixou claro que os Estados Unidos não irão interferir diretamente na indicação. "Não queremos determinar quais países irão participar. É melhor que os próprios países se reúnam em cada região e decidam", disse.
Ele participou de uma videoconferência, a partir de Washington, com dois jornalistas do Brasil, dois do Chile e dois do México. Pelo lado brasileiro, fizeram perguntas um jornalista da Folha e outro do "Jornal do Brasil".
O tema da entrevista foi o processo de reformulação da ONU, anunciado em 16 de julho pelo secretário-geral da organização, Kofi Annan. A intenção é enxugar a máquina administrativa, com fusão de órgãos internos e redução dos quadros de pessoal. Essas são providências que os EUA exigem para o pagamento de cerca de US$ 1 bilhão que devem à organização.
Na expectativa de Richardson, esse processo deverá estar bastante adiantado até o próximo mês e servirá como importante argumento da Casa Branca, junto ao Congresso norte-americano, para que se estabeleça um cronograma de três anos para a quitação da dívida.
Richardson é o primeiro americano de origem hispânica a ocupar um cargo relacionado a política externa no gabinete presidencial.

Texto Anterior: Em Salvador, encontro discute como 'humanizar' o liberalismo
Próximo Texto: Decreto autoriza compras sem licitação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.