São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Para Pelé, fiscalização assusta a CBF

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro dos Esportes, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, disse ontem que a CBF está com medo do seu projeto de lei, que altera a estrutura do esporte no Brasil, especialmente o futebol.
O projeto será levado ao Congresso nos próximos dias.
Um dos artigos estabelece que as contas das federações e dos clubes passarão a ser fiscalizados pelo Ministério Público, a exemplo das fundações privadas.
Outro artigo prevê a responsabilidade penal e cível dos dirigentes.
Segundo Pelé, foi o medo do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de ver as contas da entidade devassadas que levou o seu sogro, o presidente da Fifa, João Havelange, a dizer anteontem ao "Jornal do Brasil" que a CBF pode ser suspensa ou desfiliada caso o projeto de lei seja aprovado na íntegra.
Nesse caso, o Brasil ficaria fora da Copa do Mundo da França, no ano que vem.
Pelé qualificou de "blefe" a ameaça do presidente da Fifa. "O Havelange falou em nome próprio e não da entidade. Tenho certeza que os demais dirigentes têm opinião diferente."
"Ninguém vai tirar o Brasil da Copa. Hoje, um assessor do Platini (Michel, co-presidente do comitê organizador) me ligou e disse que sem o Brasil não tem Copa."
Acrescentou que durante todo o dia recebeu telefonemas de apoio de presidentes de clube e de outras pessoas ligadas ao futebol.
Além disso, argumentou que o projeto de lei não fere em nada o estatuto da Fifa. "A ameaça é absurda. O projeto é para tratar do esporte em geral, não está preocupado com a CBF ou a Fifa."
O ministro buscou apoio até no próprio Havelange. "Quando eu estava no começo da minha carreira de jogador, o Havelange me orientou muito. Ele sempre disse para eu fazer as coisas certas. O que estou tentando fazer agora é justamente isso."
A única preocupação de Pelé, segundo disse, é a tramitação do projeto no Congresso. Ele reconhece que será difícil aprovar o projeto na íntegra. "O lobby do futebol é muito forte, mas tenho esperança de que a lei saia como foi idealizada."
Segundo ele, Havelange pretende amedrontar o Congresso. "Estou indignado com sua posição."

LEIA MAIS sobre as declarações de Havelange na pág. 4-3

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