São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Talento

CARLOS SARLI

Lembro do pai de um amigo que queria porque queria ter um filho atleta. Mais. Escolheu o esporte, imagino, baseado no status e talvez nas possibilidades financeiras: tênis. O garoto ainda não dominava as quatro operações, mas já sabia somar games e sets.
Esse senhor tanto fez que o Serginho chegou a conquistar títulos e ter colocações de destaque nos rankings paulista e brasileiro nas categorias mirim e juvenil. Pressionado à essa altura acabou por perder o prazer na quadra, e seus resultados na infância nunca chegaram ao profissionalismo.
Não basta ter o melhor técnico, investir milhares de dólares em equipamentos, tomar todas as vitaminas e esteróides, nem dedicar oito horas diárias em treinos, se não houver o mais importante: talento.
O surfista de Santos Renato Wanderley, 22, há cerca de dois anos foi aqui apontado como uma das maiores promessas do surfe nacional. Àquela altura caminhava decidido para conquistar uma vaga entre a elite mundial, o que de fato ocorreu. Em 96, disputou o WCT. Foi o último entre os 44, frustrando a expectativa de muita gente.
O que faltou de seriedade, concentração, sobrou de máscara e peso. Ao longo da temporada ele ganhou cerca de dez quilos, esnobou muitos colegas e não hesitou em preferir um programa romântico-cultural na Europa a participar da etapa de Ilha Reunião. Perdeu, tomou um tombo.
Com a lição da decepção e com o dom que Deus lhe deu, Renatinho voltou esta semana a ficar de bem com o pódio e com a balança.
Na final do Headworx Pro, disputado em Fistral Beach, Inglaterra, ele virou no último minuto sobre o californiano Rob Machado, com Tadeu Pereira (3º) e Victor Ribas (4º) completando a bateria decisiva do evento. Somou 2.500 pontos que certamente darão um novo gás na sua carreira.

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