São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Lara Croft, a musa virtual

HAROLDO CERAVOLO SEREZA
DA REDAÇÃO

Lara Croft completou 30 anos em fevereiro passado. Filha de um lorde inglês, é a mais séria candidata a mulher-símbolo do fim-de-século. Forte, "bem torneada" e armada até os dentes, não sabe que é só uma peça numa guerra comercial.
Escaldada pelo fracasso do sistema de videocassete Betamax, que tinha qualidade, mas não repertório, a Sony, ao lançar seu videogame, o PlayStation, em 1995, investiu tanto no sistema quanto na criação de jogos (no total, US$ 1 bilhão). Só assim poderia enfrentar os gigantes Sega e Nintendo.
"Tomb Raider" (A Caçadora de Tumbas), o jogo protagonizado por Lara, é um dos 200 produtos do investimento. Lançado em 1996, vendeu 2,5 milhões de cópias, incluindo as versões para PC.
No Brasil, a BraSoft, representante oficial do produto, já distribuiu 10 mil CD-ROMs e está importando mais 4.000. O sucesso é tão grande que já há até um concurso, "Procura-se Lara Croft", que busca a brasileira mais parecida com a heroína (as fotos devem ser enviadas ao endereço eletrônico webmaster@brasoft.com.br ou para av. Paulista, 2.198, 9º andar, CEP 01310-300, até 30 de agosto).
O surgimento de Lara marca também uma mudança de rumo no mercado dos jogos para videogames.
Primeiro videogame em 3D total, com personagens tridimensionais em ambientes tridimensionais, busca um consumidor entre 16 e 24 anos, que escolhe como e quando gastar seu dinheiro.
Para esse público, ainda predominantemente masculino, as medidas é que interessam: 1,78 m de altura, 97 cm de busto, 86 cm de quadril, 56 cm de cintura.
Não à toa, enquanto a "Playboy" marca passo, seus fãs não cansam de despi-la na Internet. Para encontrar fotos dela nua, digite "Nude Raider" nos programas de busca.
A Eidos, empresa de software que detém os direitos do game, prepara para novembro o lançamento de "Tomb Raider 2". Também está previsto o lançamento de um single e um clipe. A voz fica por conta de Rhona Mitra.
O criador de Lara, Toby Gard, deixou a Core Design (que criou a moça) para fundar sua própria empresa. Em entrevista à revista londrina "The Face", ele conta que Lara nasceu mais militarizada e com mais roupas, mas ela parecia um soldado nazista.
Sua equipe tirou o pano e aumentou as formas. O resultado é que, como o autor afirma, Lara pôde ser vista tanto como uma feminista pelas mulheres quanto como uma fantasia pelos homens.
Ela já ganhou um smoking do estilista Alexander McQueen e um biquíni de Gucci. Integra o elenco da agência Models. Nos shows da banda U2, aparece, num telão, de mãos dadas com o vocalista Bono. E pode virar um filme no EUA, com atores em carne e osso.
Se a paixão por Lara é sobretudo tecnológica, num mundo povoado por bichinhos eletrônicos, é também, diga-se, "selvagem".
Os primeiros inimigos de Lara no jogo são um par de morcegos. Depois, aparecem lobos e jacarés. Durante todo o jogo, ela se aventura por cenários em vários pontos do planeta. Não por acaso, é comparada a Indiana Jones.
O cinema, aliás, permite uma comparação: se ela pode representar para os computadores o que uma personagem significou para o cinema, é possível que surja um novo lugar-comum: nunca houve mulher como Lara.

LEIA MAIS sobre Lara Croft e "Tomb Raider" à pág. 5-9

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