São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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Ivaldo Bertazzo reúne erudito e popular

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com o espetáculo "Cidadão Corpo", apresentado ano passado, Ivaldo Bertazzo já assinalava o início de nova fase. A busca de renovação se confirma a partir de hoje, com a estréia de "Palco, Cidadania e Periferia" no Teatro Sesc Pompéia.
Depois de provar que cidadãos comuns podem protagonizar espetáculos de dança, Bertazzo procurou novas equações de movimentos ao juntar bailarinos tarimbados a seus despretensiosos elencos de não-profissionais.
Nesta conjugação, feita em "Cidadão Corpo", o germe do que viria neste ano também se revelava na presença de um capoeirista.
Com "Palco, Academia e Periferia", o coreógrafo democratiza de vez o espaço cênico reunindo elite e excluídos, erudito e popular, amadores e profissionais.
"A dança mostra que não existem tantas paredes entre o periférico e o urbano, entre os que possuem mais ou menos cultura. É preciso aceitar e aprender com as diferenças", afirma Bertazzo, que se diz em busca do étnico urbano.
Entre os quase 140 participantes do espetáculo, estão 15 bailarinos escolhidos entre os melhores de São Paulo, como Beth Risoléu, Zélia Monteiro, Paulo Vinícius, Luciana Porta, Key Sawao, Ciça Meirelles.
Maioria, os cidadãos dançantes somam 40 frequentadores das aulas de Bertazzo. Esta pequena população ainda congrega 10 músicos de primeiro time (como o violista Marcelo Jaffé e o contrabaixista Rodolfo Stroeter), sob regência de Nelson Ayres.
A novidade fica por conta das cinco bandas de periferia, formadas por adolescentes e crianças, que se revezarão até o fim da temporada.
Hoje, entram em cena as bandas da Favela Monte Azul, de São Paulo, e a Banda Bate Lata, formada por vinte garotos do Jardim Santa Lucia, bairro periférico de Campinas, que tocam instrumentos de percussão feitos de sucata.
Representando diferentes localidades, as bandas convidadas também incluem a Funk'n Lata, do Morro da Mangueira do Rio de Janeiro, que já participou de gravações de artistas como Carlinhos Brown. Com 28 percussionistas de 7 a 18 anos, a banda Lactomia vem de Salvador (BA). De São Paulo, há ainda os 16 Meninos da 13 de Maio, que trabalham sob direção de Penha Pietras.
O convidado especial, Bertazzo trouxe de Nova York. Trata-se do músico Naná Vasconcellos, que promete extrair "sons do Brasil" de 20 diferentes instrumentos de percussão.

Espetáculo: "Palco, Academia e Periferia", de Ivaldo Bertazzo
Quando: hoje até 17 de agosto (quarta a sábado, 21h; domingo, 19h)
Onde: Teatro Sesc Pompéia (rua Clélia, 93, tel. 011/871-7700)
Ingressos: de R$ 10 a R$ 20

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