São Paulo, quinta-feira, 7 de agosto de 1997
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EUA pressionam as duas partes

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Os Estados Unidos definiram ontem, por meio de Madeleine Albright, a secretária de Estado, os "três princípios fundamentais" para superar a crise entre Israel e palestinos.
Albright incorporou, literalmente, as queixas dos dois lados, de maneira equitativa, o que provocou reservas de parte do governo israelense, mas "a mais calorosa saudação" pelos palestinos, na versão de Saeb Erekat, principal negociador do lado árabe.
Os princípios são:
1 - Que a ANP desenvolva "100% de esforço" para oferecer segurança a Israel.
Para isso, pediu que os palestinos compartilhem informações com os israelenses, prendam e processem suspeitos de terrorismo, apreendam armas e criem uma "atmosfera moral" contra o terrorismo.
É exatamente o que Israel vem pedindo.
2 - Que Israel pare de adotar "medidas unilaterais que minem a confiança dos palestinos no processo de paz".
Citou, nominalmente, a construção da nova colônia judaica em Jerusalém oriental (Har Homa), a ampliação de outras colônias e o confisco de terras palestinas.
É precisamente o que demandam os palestinos.
3 - Que ambas as partes considerem a paz "não como uma das alternativas, mas como a única", e trabalhem em parceria.
Pediu que Israel contribua para o progresso econômico das áreas palestinas, numa crítica implícita ao bloqueio de fundos da ANP determinado por Israel.
Por que, dado esse equilíbrio, o governo israelense não reagiu tão positivamente como Erekat?
David Bar-Illan, principal conselheiro de Netanyahu, acha que houve um vínculo incorreto entre terrorismo e as iniciativas israelenses de expandir suas colônias.
"Os terroristas não precisam desse pretexto, tanto que agiram muito mais no governo anterior, que foi o mais conciliador da história", diz Bar-Illan.
O assessor de Netanyahu recusou-se a aceitar a validade do segundo princípio, com o argumento de que "não se pode parar a vida nas colônias, como não podemos proibir que os palestinos construam nas suas áreas".
Já Saeb Erekat reagiu positivamente porque, desde o início, a ANP diz que é contra o terror e se propõe a cooperar com Israel em matéria de segurança.
(CR)

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