São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997
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Falta de manutenção deixa trem mais lento

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A rede ferroviária da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) tem hoje pelo menos 27 trechos em que os trens são obrigados a reduzir a velocidade por problemas de manutenção das linhas.
O número refere-se apenas às linhas oeste (Júlio Prestes-Mairinque) e sul (Osasco-Varginha) da rede, abrangidas em relatório feito pela CPTM em junho e divulgado ontem pelo Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana.
Em alguns pontos, como na curva entre as estações de Domingos de Morais e Imperatriz Leopoldina, a velocidade máxima permitida caiu, em maio deste ano, de 70 km/h para 20 km/h. A redução foi motivada por "desgaste nos trilhos".
Por conta desse desgaste, provocado pelo atrito entre as rodas dos trens e os trilhos, 20,4 km de trilhos das linhas oeste e sul têm que ser substituídos por estarem deteriorados, segundo a companhia.
Esse cálculo é de 14 de junho, mas o presidente da CPTM, José Roberto Medeiros da Rosa, diz que, "provavelmente, nem um metro foi trocado até agora, por falta, entre outras coisas, de mão-de-obra" (leia texto abaixo).
A análise da CPTM abrangeu 45 trechos de curvas nas duas linhas. Em 19 deles, o desgaste excedia o limite que a companhia estabelece como de segurança.
"O perigo do desgaste é o trem sair dos trilhos" diz Everson Paulo dos Santos Craveiro, diretor do sindicato dos ferroviários.
Mas o desgaste não é o único motivo de redução de velocidade.
O relatório aponta também ondulações nos trilhos, falta de peças de manutenção, dormentes deteriorados e até falta de pedras (utilizadas como "pavimento" das linhas).
O relatório de maio da CPTM diz ainda que os trilhos deteriorados vinham sendo trocados por outros retirados de desvios e pátios de manobras, trechos pouco utilizados ou onde os trens desenvolvem baixa velocidade. Esse recurso, no entanto, estaria "esgotado".
A assessoria de imprensa da CPTM informou ontem que um lote de 145 km de trilhos foi comprado da Fepasa em junho e até o final do ano deve ser instalado, se não houver contestações judiciais no decorrer da licitação para o serviço.
"Os descarrilamentos estão acontecendo, mas não têm maior gravidade porque a velocidade dos trens foi reduzida, em detrimento do passageiro. Do jeito que a coisa vai, logo teremos toda a rede com velocidade máxima de 20 km/h", diz o presidente do sindicato.
Em maio, segundo relatório da própria CPTM, aconteceram sete descarrilamentos, sendo dois em pátios de manobra, ou seja, sem passageiros. Em outubro, haviam sido cinco descarrilamentos.
O sindicato pretende levar os dados na segunda-feira à Assembléia Legislativa e ao Ministério Público para que a situação da rede seja investigada. "Os passageiros estão correndo riscos", diz Craveiro.

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