São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997 |
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Colóquio sobre poeta acaba em feijoada
MARCELO BARTOLOMEI
Cendrars se hospedou na fazenda em uma de suas passagens pelo interior de São Paulo, em 1924, a convite do cafeicultor Paulo Prado, e do escritor Oswald de Andrade. O advogado Carlos Celso Orcesi da Costa, 46, atual administrador da fazenda, disse que vai promover a visita dos estudiosos ao local descrito no romance. "Vai ser um encontro tipicamente brasileiro, pois estarei recebendo o pessoal para uma feijoada", disse. Para a feijoada, Costa e a professora Maria Teresa de Freitas, da USP (Universidade de São Paulo), convidaram prefeitos e autoridades da região, além de 30 dos intelectuais que discutiram as obras do escritor no colóquio. Costa pretende levar à fazenda os intelectuais brasileiros e europeus que participaram do colóquio. O colóquio estudou durante uma semana a influência de Cendrars na literatura moderna brasileira. "A realização do seminário vai culminar com a visita a uma das fazendas mais bonitas do Estado, onde permaneceu por um tempo o escritor e a inspiração da sua obra", disse Costa. História Costa descreve a história do tio-avô, retratada no livro de Cendrars, com "uma constelação de estrelas que formava a torre Eiffel de Paris, uma fazenda toda de mármore, a flora e a fauna brasileira... tudo ao mesmo tempo em que ocorria a Primeira Guerra Mundial, em 1914". Bueno, no entanto, aparece no livro com o nome fictício de Oswaldo Pedroso, inventado para proteger a sua intimidade, vivida em Limeira. "Cendrars é um nome forte e famoso na França, mas aqui no Brasil, não é muito conhecido. Por isso que essa história tem pouca repercussão por aqui", afirmou Costa. Segundo ele, uma editora nacional está traduzindo a obra para o português, que deve chegar às livrarias até o final deste ano. Famílias A fazenda foi construída em 1806 pela família Jordão e recebeu os primeiros pés de café em 1840. "A fazenda teve somente dois donos, duas famílias, mas meu tio-avô a comprou em janeiro de 1911", afirmou o atual administrador do local. Segundo Costa, o protagonista de "Torre Eiffel Sideral" deixou a fazenda em testamento para ser doada às famílias Orcesi (do advogado Costa, atual administrador) e Bueno de Miranda, que dividem a propriedade. "Ela estava em ruínas, e, quando assumi a inventariança (pois foi feito um inventário da fazenda), há uns cinco anos, resolvi reformar a fazenda", disse. A reforma ainda não terminou, segundo o advogado. "A primeira coisa que fizemos foi colocar 5.000 telhas novas e revitalizar pinturas e partes deterioradas com o tempo." Texto Anterior: GUEVARA/GLAUBER Próximo Texto: Salvador inaugura teatro Jorge Amado Índice |
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