São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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'Vida foi exemplar', diz FHC

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso considerou "uma grande perda, de um amigo e para o Brasil", a morte do sociólogo Herbert de Souza.
"Eu me lembro dele no Chile. Tocava violão na minha casa em Santiago", disse FHC, que soube da morte de Betinho enquanto jantava com um grupo de empresários em São Paulo.
Para FHC, "(Betinho) teve uma vida exemplar. Eu perco um amigo e o Brasil perde um de seus símbolos. Mas ele vai permanecer na nossa memória, como uma motivação para que nós nunca nos esqueçamos da questão social".
O presidente afirmou que Betinho "deixa uma grande missão para nós. Foi um exemplo de preocupação com os problemas sociais do país".
"Não posso afirmar que foi o maior exemplo de cidadania, mas sim um grande exemplo a seguir. Estou muito triste em receber esta notícia agora."
O presidente fez as declarações em São Paulo, na casa do empresário Paulo Cunha, do Grupo Ultra, onde jantou com 32 empresários e com os ministros Antonio Kandir (Planejamento), Paulo Renato de Souza (Educação), Clóvis Carvalho (Casa Civil) e o senador José Serra (PSDB-SP).
O evento foi para marcar a passagem da presidência do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) de Paulo Cunha para Eugênio Staub, da Gradiente.
Fernando Henrique afirmou que sua mulher, Ruth Cardoso, deverá representá-lo hoje no velório de Betinho no Rio.
Ruth, que assistia ontem à noite, no Teatro Municipal de São Paulo, a apresentação da Orquestra Filarmônica de Israel, não quis se manifestar sobre a morte do sociólogo.
No ano passado, Ruth e Betinho tiveram divergências sobre a condução do Programa Comunidade Solidária -conduzido pela primeira-dama-, o que levou ao afastamento do sociólogo do programa.
O secretário Nacional dos Direitos Humanos, José Gregori, que acompanhava Ruth, disse à Folha que tratava-se de "uma perda lamentável para o Brasil, uma hora de grande tristeza". Para o secretário, "Betinho foi o campeão dos direitos humanos no Brasil".
O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que "perdemos mais do que um ser humano. Perdemos um irmão. O Brasil vai demorar muito tempo para formar outra pessoa da qualidade do Betinho".
O ex-presidente do PT afirmou que tinha esperança de que Betinho conseguiria se recuperar.
"Ontem (sexta-feira), mandei um telegrama para ele, dizendo que ainda íamos tomar muitas cervejas juntos."
O diretório nacional do PT estava reunido ontem em São Paulo. Após saberem da morte de Betinho, os participantes guardaram um minuto de silêncio em homenagem ao sociólogo.

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