São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Verão na França despreza Mundial-98

ROGÉRIO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL À FRANÇA

Ainda há poucos sinais da Copa do Mundo de 98 nas ruas e no cotidiano da França durante este verão, o que preocupa muitos organizadores da competição.
A Folha percorreu durante o mês de julho as dez cidades francesas onde será disputada a Copa.
Além de alguns painéis e cartazes em pontos isolados, não existem grandes referências ou atividades que lembrem que daqui a dez meses o país será a sede do último Mundial deste século.
Segundo a previsão dos envolvidos com a Copa, as atividades para promover a competição começarão só em setembro, com o início do ano letivo dos franceses.
"Não entramos ainda em uma fase de entusiasmo, de expressão popular quanto à Copa do Mundo", diz Christian Fina, diretor do CFO (Comitê Francês de Organização) de Montpellier.
"Um dos grandes problemas é fazer a Copa do Mundo aparecer", afirma Eric Rougeron, chefe de projetos do CFO de Paris. "Para ser sincero, estamos um pouco decepcionados."
A preocupação é compartilhada em Saint-Denis, local do jogo de abertura e da final. "Nós temos dificuldade em saber por que a França não está preparando uma Copa do Mundo mais ativa", diz Fabien Douzenel, diretor de comunicação da prefeitura da cidade.
Os motivos apontados vão desde as férias escolares até o atual panorama político do país, além do fato de a equipe francesa não estar disputando as eliminatórias.
"É verdade que hoje a França -o público, não os organizadores- não está mobilizada para a Copa", diz Gérard de Peyrelongue, diretor da sede de Lyon.
Mas Peyrelongue acredita que isso apenas revela um comportamento natural dos franceses, que, segundo ele, se interessam pelos eventos de acordo com a proximidade da data. "É sempre assim."
O diretor do comitê organizador de Saint-Étienne, Henri Blanc, não condena a falta de mobilização. "Não sei se isso é um problema."
Para Blanc, o sorteio dos grupos marcará uma nova fase. "A cidade vai escolher os bairros que serão dedicados a cada país que jogar aqui, e isso não é possível decidir antes de 4 de dezembro."
Para o estudante de história Yann Decamps, 24, da região de Lens, o Torneio da França, em junho, teve ingressos muito caros, e a organização da Copa está afastada do grande público francês.
"A organização é uma coisa, os torcedores são outra, são coisas distantes", afirma.

LEIA MAIS sobre as obras e estádios da Copa-98 às págs. 8 e 9

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