São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Até imóveis comerciais são prejudicados

DA REPORTAGEM LOCAL

Na região do corredor Santo Amaro (zona sul de SP), nem os imóveis comerciais -costumeiramente beneficiados pelo aumento de trânsito- foram poupados.
O comerciante Ulisses Martins, 61, por exemplo, que abriu uma lanchonete há seis meses na av. Santo Amaro, já vai fechar suas portas. "Minha freguesia é prejudicada porque não dá para parar o carro perto da minha lanchonete."
Na mesma quadra, há outros três imóveis comerciais para alugar. A área abriga uma boa proporção dos imóveis vagos de São Paulo.
Segundo a Aabic (Associação das Empresas de Administração de Bens Imóveis e Condomínios), a região de Santo Amaro tem cerca de 180 imóveis residenciais à venda -1,55% das 10.800 unidades disponíveis em julho.
Já o Brás (região central), por onde passa o corredor de ônibus da av. Celso Garcia (que liga a zona leste ao Centro), o número cai para 53 (0,49% do total). Um dos corredores mais antigos da cidade, a região solidificou um perfil de ocupação comercial.
Extremos
Há regiões que convivem bem com os corredores de ônibus. Freire D'Avila cita a av. Paes de Barros (zona leste), onde as condições de tráfego não causaram impacto tão negativo na região.
Wolker Link, professor de análise ambiental da Univap (Universidade do Vale do Paraíba), diz que existem algumas regras básicas para a existência de um corredor. Exemplo: exclusividade de fato para ônibus (nos casos em que a convivência com os carros causar embaraços no tráfego).
"Em casos de gargalo, tira-se o transporte particular. A Santo Amaro ficou em muitos pontos uma avenida estreita demais."
O resultado do impacto negativo pode ser constatado na profusão de imóveis para alugar ou vender, boa parte deles em mau estado de conservação, e no desejo de muitos moradores de deixar a região.
Soluções
Os problemas enfrentados por moradores e usuários de corredores de ônibus, como o da av. Santo Amaro, poderiam ser minimizados, se alguns pontos importantes fossem levados em consideração, avaliam urbanistas.
Segundo a diretora do Movimento Defenda São Paulo, Regina Monteiro, 40, o corredor Santo Amaro não foi feito de acordo com o projeto original.
Regina diz que seria necessário reservar áreas verdes para aliviar o impacto negativo do corredor na região."As áreas de moradia têm de ser preservadas. Quem não sai da região termina sendo muito prejudicado", afirma.
A urbanista também critica a falta de discussão com a população que será afetada pelas obras.

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