São Paulo, domingo, 10 de agosto de 1997
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Criador do 'Márcia' investe no Brasil

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

O produtor norte-americano Albert Phillip Lewitinn, 28, já pode ser considerado um dos homens de confiança de Silvio Santos. A estréia do programa "Márcia", desenvolvido por ele, levou o SBT a um feito raro: bater a audiência da Rede Globo, em pleno horário nobre.
"Márcia", que vai ao ar todas as terças, às 21h40, é claramente inspirado no talk-show "Ricki Lake", da TV dos EUA. O curioso é que Lewitinn nunca trabalhou com a apresentadora norte-americana e chega mesmo a dizer que o formato foi desenvolvido para o público brasileiro.
Lewitinn falou à Folha por telefone, de Nova York, onde comanda a "December First Productions". Ele volta ao Brasil em setembro para desenvolver novos projetos para o SBT. Leia a seguir trechos da entrevista.
*
Folha - Como foi seu primeiro contato com Silvio Santos?
Albert Phillip Lewitinn - Encontrei com o sr. Santos pela primeira vez em janeiro. Eu queria produzir um programa no Brasil, ele também queria produzir um novo show há muitos anos. Eu tinha saído da Universal Television, onde era vice-presidente encarregado de talk-shows internacionais, para começar a minha própria companhia. Ele me ligou e fez uma proposta para trabalharmos juntos.
Folha - Por que você queria fazer um programa no Brasil?
Lewitinn - Porque o Brasil é um país maravilhoso e as pessoas não conhecem. Elas só vêem o Rio, as danças exóticas, o Carnaval e a Amazônia. É injusto. Eu sei que o Brasil é o maior mercado de TV da América do Sul e o quinto do mundo e tem a maior população da América do Sul.
Folha - Que talk-show você produzia na Universal Television?
Lewitinn - Comecei no "The Phil Donahue Show". O primeiro talk-show dos EUA, que surgiu há 30 anos. Trabalhei com Donahue até ele se aposentar no ano passado. E então fui trabalhar em outros países. Na Inglaterra, produzi "Vanessa". Na Holanda, "Catherine", na Alemanha, "Vera", em Israel, "Rubi", e, na França, "Eveline". Isso é o que eu supervisionei para a Universal. Mas o "Márcia" é o primeiro que faço sozinho.
Folha - Qual a diferença dos mercados e do público?
Lewitinn - Nos EUA há muita pesquisa antes do programa entrar no ar, pesquisas de mercado, "focus group". Na Europa e no Brasil isso não é muito comum. Acho engraçado que um programa como "Márcia" ainda não houvesse sido feito no Brasil. Fui ao Brasil para desenvolver um programa e não copiar. Essa era a idéia do Silvio Santos.
Folha - Você trabalhou com Ricki Lake?
Lewitinn - Não, meu produtor trabalhou com ela. Conheço toda a equipe dela.
Folha - O que você achou de trabalhar com o SBT, uma emissora que sempre está mudando?
Lewitinn - Eu tive uma ótima experiência em trabalhar com o SBT. Eu conheço a reputação que eles têm. Estava atento a isso. Mas eu fechei a produção entre quatro paredes e deixei tudo isso para fora. Fiz todos -dos técnicos aos executivos- entenderem que o que acontecia no programa era diferente de tudo o que acontecia no SBT.
Folha - A quem você se reporta no SBT?
Lewitinn - Eu falo diretamente com o Silvio Santos. Estou trabalhando como um co-produtor. Não sou um empregado do SBT. A equipe que trabalha no show foi contratada pelo SBT e responde a mim e à Inês.
Folha - Você volta em setembro para fazer o que?
Lewitinn - Espero remontar a equipe e continuar com "Márcia" e também com outros projetos que o Silvio Santos pediu para eu trabalhar. Mas não posso contar o que é.
Folha - Um deles seria uma versão do seriado inglês "Absolutely Fabulous"?
Lewitinn - Eu não posso confirmar.
Folha - Você recebeu carta branca para fazer o que quiser nesse novo projeto?
Lewitinn - Não posso falar sobre isso.
Folha - Você recebeu convite de outras emissoras brasileiras?
Lewitinn - Recebi sim, mas não posso revelar mais detalhes.
Folha - Você sabe que o SBT vai entrar na TV paga?
Lewitinn - Sei disso. Posso dizer que estou aberto a conversas.

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