São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governador do DF diz que vai reprimir invasões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), disse que vai "usar a força quantas vezes for necessário" para retirar sem-teto de área pública invadida à margem da via Estrutural, que liga Brasília a cidades-satélites.
"Sem-teto a gente respeita, mas a gente é que diz onde eles vão morar", disse Buarque, ao comentar a operação policial na área, na última sexta-feira, com um saldo oficial de 28 feridos (15 policiais e 13 sem-teto) e 25 detidos.
Ele negou contradição entre o discurso do PT, em defesa dos movimentos de sem-teto e sem-terra, e a determinação de seu governo de não permitir que cerca de 3.400 famílias permaneçam no local da invasão.
Segundo Buarque, o alvo da ação policial foi a "bandidagem": badeireiros que, de acordo com o governador, participam de uma espécie de indústria da invasão e estariam explorando famílias de sem-teto.
Houve o conflito porque a população reagiu à presença da Polícia Militar com pedradas, tiros e coquetel molotov, segundo o governo. Essa foi a terceira ação repressiva na área, em um mês e meio.
Desta vez, foram destruídos um supermercado, cinco madeireiras e um templo evangélico. Em julho, a PM já havia destruído 400 barracos recém-construídos.
"A polícia poderá enfrentar novamente os bandidos. Os sem-teto que se misturarem a eles poderão acabar se machucando", disse Buarque.
Segundo ele, das 3.400 famílias que moram na área, apenas 1.000 teriam não apenas direito, mas também necessidade de receber um lote em outro local.
"Existe um choque entre o legal e o justo. Algumas famílias que estão lá já receberam lotes (em outros locais), venderam e voltaram a invadir", afirmou o governador.
Ele disse que está oferecendo aos invasores 500 terrenos em áreas distantes do centro de Brasília. Antes, havia oferecido 1.000.
Marlene Mendes, líder da invasão, disse que só aceita desocupar a área se todas as famílias receberem um lote. Segundo ela, existem hoje 5.000 famílias na Estrutural.
Presidente da Associação dos Moradores da Via Estrutural, Marlene disse que aceita negociar, desde que o governo garanta o pagamento de indenização para cobrir os gastos com a construção dos barracos.
Para iniciar as negociações, ela quer a volta imediata do abastecimento de água para os sem-teto.
Hoje, Marlene pedirá à Justiça garantia de vida. Ela afirma que recebeu ameaças de morte por meio de telefonemas anônimos.

Texto Anterior: LIVROS JURÍDICOS
Próximo Texto: Menor assume autoria de acidente com atleta; Brasileira deixa UTI na Cidade do México; Mulher é a 12ª vítima do frio no ano em SP; Pane emudece 40 mil telefones em SP; Surto em SP antecipa vacinação em Minas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.