São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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Vice-prefeito critica Pitta e secretário

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O vice-prefeito de São Paulo, Régis de Oliveira (PFL), foi afastado do cargo de secretário da Educação e critica o governo que ajudou a eleger.
Segundo Oliveira, o seu afastamento é decorrente das cobranças que fazia ao prefeito Celso Pitta. "Não fiz nada demais, a não ser exigir que as leis fossem cumpridas", afirma o vice-prefeito.
Apesar do afastamento de Régis de Oliveira e do seu declarado rompimento com o prefeito, o cargo de secretário da Educação continuará nas mãos do PFL.
O novo secretário -o deputado federal Ayres da Cunha- toma posse hoje, às 11h, no Palácio das Indústrias -sede da prefeitura, no Parque D. Pedro (região central).
Régis de Oliveira garante que não foi bem "deglutido" na administração municipal por ter denunciado o descumprimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que determina o repasse de 30% das receitas do município ao setor.
"Esse repasse nunca atingiu o índice determinado por lei nem respeitou o prazo previsto para ser efetuado, que é de dez em dez dias", afirma.
Outro "desentendimento crônico", segundo o vice-prefeito, teria ocorrido com o secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva.
"Entre outras coisas, ele vetou a contratação de 800 agentes escolares, sem nenhuma justificativa, inviabilizando o preparo da merenda nas escolas municipais."
Também a falta de professores e de salas de aula foi atribuída por Oliveira ao secretário de Governo. "Todas as autorizações para contratação ou nomeação devem necessariamente passar pelo gabinete do Edevaldo", afirma. "Isso é um absurdo, o prefeito é o Pitta."
Com tantas divergências, Régis de Oliveira alega que aceitou integrar a chapa de Celso Pitta porque esperava "algo mais" de sua administração.
"Tinha esperança de que o prefeito pudesse demonstrar mais firmeza e se dispusesse mais ao diálogo com o secretariado", diz. "Mas infelizmente isso não aconteceu."
Por telefone
Segundo Oliveira, ele só foi comunicado ontem da exoneração. "Fiquei sabendo da minha demissão pela imprensa", afirma. "Esse descaso seria inadmissível com qualquer pessoa, imagine com o próprio vice", diz.
O afastamento de Régis de Oliveira já era comentado havia pelo menos uma semana nos corredores do Palácio das Indústrias.
A Folha já havia antecipado o fato no sábado, e a própria direção do PFL confirma que a escolha do deputado Ayres da Cunha para substituir Régis de Oliveira na Secretaria da Educação já estava decidida desde a semana passada.

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