São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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Emprego cai 0,53% e surpreende a Fiesp

SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de vagas fechadas pela indústria paulista em julho mais do que dobrou em relação ao mês anterior.
O setor, que voltou a demitir pelo segundo mês consecutivo, eliminou 9.823 vagas, o que dá uma queda de 0,53% no nível de emprego. Em junho, foram fechados 4.278 postos -redução de 0,23%.
A redução do nível de emprego surpreendeu pelo seu tamanho. A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) esperava uma variação negativa menor.
A expectativa foi estimulada pelo resultado de junho e de maio -quando pela primeira vez depois de 26 meses o índice apresentou um resultado positivo, com a criação de 557 vagas.
Além disso, julho marca o início do segundo semestre, época em que se espera um aquecimento das vendas na indústria e um consequente aumento dos empregos.
Mesmo assim, o diretor titular em exercício do Depea, o departamento de pesquisa da Fiesp, Carlos Liboni, disse que o desempenho do nível de emprego indica uma estabilização.
"A tendência é ficarmos menos pior. Ou seja, as demissões continuarão, mas em um ritmo menos acelerado", afirmou Liboni.
No acumulado dos primeiros sete meses do ano, a taxa de desemprego na indústria paulista fechou em -2,69%, um resultado melhor do que o do mesmo período de 96, quando ficou em -4,63%.
Os dois períodos, no entanto, apresentam um resultado pior que os sete primeiros meses de 95, quando o índice foi de -0,79%.
Apesar de apontar a tendência de estabilização, Liboni considera agosto uma incógnita.
Nos últimos dois anos, o mês apresenta o pior resultado no nível de emprego entre os 12 meses. Em 96, a queda foi de 1,45%. Em 95, foi de 2,10%.
"O resultado deste mês nos dará idéia se esses resultados foram apenas coincidência ou se essa é uma tendência constante", disse.
Crescimento e emprego
Segundo Liboni, a continuidade das demissões, mesmo com o crescimento do nível de atividade, revela uma mudança no eixo da expansão industrial.
Ela estaria migrando da produção de bens de consumo para a de bens de capital (máquinas e equipamentos) e infra-estrutura, que geram menos emprego e cujos resultados sobre toda a atividade econômica são mais lentos.
"Isso pode significar também o crescimento da atividade em setores que importam mais e que também geram poucos empregos."
No primeiro semestre, o INA (Índice do Nível de Atividade), que é extraído da comparação de indicadores como vendas e uso da capacidade instalada, registrou alta de 7,2%. Apesar disso, a indústria havia demitido 40.611 trabalhadores no período.
Mas os investimentos em bens de capital e infra-estrutura, acredita, devem gerar um efeito multiplicador sobre as outras atividades da economia no longo prazo.

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