São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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A voz da imprensa

JUCA KFOURI

Esta Folha saiu com editorial a favor do projeto de Pelé. Seus colunistas, como Alberto Helena Jr. e Matinas Suzuki Jr., também apoiaram.
Em "O Globo", Fernando Calazans e Renato Maurício Prado fazem coro. A exemplo de Armando Nogueira, com fina ironia, e Tostão, sempre firme e delicado, no "Jornal do Brasil", ambos também de "O Estado de S. Paulo" -onde até Roberto Benevides parece ter rompido com as posições de Rico Terra e do ex-sogrão.
Em "O Dia", o implacável Bussunda escreveu uma coluna exemplar ontem.
Sérgio Noronha, do "Jornal do Brasil", quer a modernização, embora ache o projeto apressado e que não há "santos" na polêmica, só interesses comerciais dos dois lados.
Em respaldo de tal tese, um dos lados fez publicar sua coluna como "Informe Publicitário" em outros jornais, inclusive nesta Folha (pagando R$ 28 mil por isso). Como se dissesse, "não somos santos mesmo, admitimos, mas o Pelé também não é".
E a questão extrapola as páginas esportivas. Colunista política do "JB", Dora Kramer não poupa críticas ao esquema Havelange, assim como o editor-chefe do jornal carioca, Marcelo Pontes, autor de bela coluna no domingo -como Élio Gaspari, nesta Folha, em "O Globo" e no "Zero Hora".
A revista "Isto É" chamou Havelange de autoritário, mercantilista e cultor da própria personalidade.
Em "Veja", o editor Mauricio Cardoso arrancou uma esclarecedora entrevista de Pelé, sob o título "Havelange está gagá" -com o que o ministro repetiu FHC.
Nas emissoras de TV e de rádio, não houve uma só voz respeitável, independente, que ficasse ao lado do protetor da Casa Bandida.
Pena que Nélson Rodrigues não esteja mais por aí. Convencido de que toda unanimidade é burra, ele seria capaz de contribuir com uma divergência inteligente.
Em vez disso, no Congresso Nacional, palco da decisão, vozes como as dos deputados Arnaldo Faria de Sá e Eurico Miranda se voltam contra o projeto. Claro que ambos dispensam comentários, mas o preço da liberdade é a eterna vigilância.
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De José Trajano, no "Cartão Verde": "Se o Brasil vai ficar fora da Copa do mesmo jeito que o Havelange garantiu a Olimpíada 2004 no Rio, podemos dormir tranquilos".
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Dá-lhe, dá-lhe Cruzeiro!

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