São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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Brasileiro é grande desafio para técnicos

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, na confusão que é esse Brasileiro, nenhum time atingiu ainda o estágio de brilhantismo que justificasse o favoritismo e o entusiasmo da crítica.
Até agora, deu mais resultado o trabalho dos técnicos que conseguiram obter uma certa "burocracia" de jogo em prazo mais curto, do que o trabalho daqueles que tentam também dar brilhantismo e magnetismo às equipes que dirigem.
(O trabalho dos técnicos, que está bastante diversificado e competitivo, será mais importante neste Brasileiro do que foi nos anteriores: não há um elenco imbatível de antemão).
Palmeiras mostra as marcas do formão de Scolari, mas não está pronto; Lazaroni vale-se da experiência dos jogadores do Paraná para firmar suas idéias de marcação; Edinho até poderia ousar mais com a Lusa, mas as falhas de marcação nos últimos dois jogos certamente o levarão a deixar a equipe mais cautelosa.
O Vasco vai combinar a matreirice pragmática de Antonio Lopes com um elenco de "macacos velhos" de guerra. Suspeito que o Inter de Celso Roth também valorize mais a eficiência do que o brilho.
Haverá tempo para Wanderley, Autuori, Dario, Muricy, Candinho, entre outros?
*
Os neotrabalhistas no governo da Grã-Bretanha fazem da sua paixão pelo futebol um marketing para marcar a diferença com os velhos conservadores. Lá, como cá, o futebol também é política.
Se os "boys" de FHC assumissem a bandeira da modernização do futebol, poderiam colher os bons frutos que colhem os "boys" de Tony Blair (que, aliás, esta ativamente na campanha para levar a Copa de 2006 par o seu país).
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Algo começa a incomodar os administradores esportivos nos EUA -algo que é reflexo da violência da sociedade contemporânea.
Cada vez mais, jogadores das ligas profissionais são flagrados carregando armas de fogo.
Em dois dias, na NFL, a liga de futebol americano, o técnico do Dallas Cowboys, Barry Switzer, e na NBA, o jogador do Philadelphia 76ers, Allen Iverson, foram detidos com revólveres.
A NFL proíbe os jogadores de portarem armas de fogo, mas seus administradores admitem que o controle é difícil.
A solução, por enquanto, é a pena pecuniária pesada: Switzer foi multado em US$ 75 mil, a maior multa da NFL.
Pelo menos lá, a multa de atletas profissionais é séria. Já aqui na vossa terra, Joãozinho, como diria o Tio Dave, as multas são apenas para inglês ver.
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Mas as coisas começam a andar no Brasil.
Esta coluna foi informada que há um grupo preparando os papéis necessários para reivindicar a instalação de um curso, em nível de pós-graduação, de marketing esportivo, na Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
Não consigo ver futuro para o esporte no Brasil se não houver a profissionalização (que inclui formação e a especialização em administração no setor) da gerência esportiva em todos os níveis.
É desejável que a iniciativa desse grupo encontre apoio entre os que dirigem a FGV.

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