São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 1997
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Excesso sufoca o mercado

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há o que questionar: as coletâneas "em bloco" satisfazem os cofres das gravadoras, caem em cheio no agrado do consumidor ávido de ter "as melhores músicas" de seu artista favorito, são, enfim, inevitáveis.
Algumas questões se colocam, no entanto, no atual mercado fonográfico brasileiro, e todas acarretam um estrangulamento estético da cultura musical nacional.
O capitalismo selvagem se instala na música e sufoca questões estéticas. Não é que elas tenham seu espaço próprio, mas antes afogam outros produtos -enquanto as séries vendem como água, centenas de títulos originais permanecem confinados em porões.
Se você quiser conhecer, como foram feitos, os conceitos artísticos de -só para citar exemplos- João Gilberto ou Nara Leão, terá que se contentar com títulos pingados e/ou enxurradas de coleções com capas feias, falta de informação e de respeito ao comprador.
Esse último está satisfeito, é o argumento das gravadoras. Uma ova. Aqui se molda o lado mais macabro da história. Tais produtos são atirados agressivamente à cara do consumidor. Baratos às multinacionais, esses CDs são os que parecem mais disponíveis, mais viáveis, mais baratos.
O resultado é uma feroz campanha contra a educação estética do comprador de música, que se torna comércio puro, perde status de arte. Assim as filiais das corporações fonográficas trabalham furiosamente contra a cultura.
(PAS)

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