São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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Disque recebeu 71 denúncias

DA SUCURSAL DO RIO

Casos de violência contra homossexuais não param de chegar ao conhecimento do Atobá (Movimento de Emancipação Homossexual). De fevereiro até ontem, o telefone "Disque Violência Gay" (021/332-0787) recebeu 71 registros.
Os casos mais graves serão relatados pelo Atobá em 28 de agosto, às 13h, em reunião convocada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio) para discutir agressões contra minorias sociais.
O diretor do Atobá Raimundo Pereira disse esperar que a presidente da comissão, a deputada estadual Heloneida Studart (PT), faça gestões junto ao chefe da Polícia Civil, Hélio Luz, para que pressione delegados a tratar "com mais dignidade" os homossexuais que registrem casos de agressões nas delegacias.
O advogado e ex-vereador Ronaldo Gomlevski promoverá um debate no sábado, a partir das 21h30, na praia de Copacabana, em frente ao hotel Copacabana Palace, para discutir a violência contra os homossexuais e a importância de eles terem representantes parlamentares para defender seus direitos.
Casado, seis filhos, Gomlevski disse que, como judeu, não pode ver qualquer grupo "discriminado na sociedade". Antes do debate, haverá um show de "drag queens" na areia da praia.
Hoje, além do chamado Baixo Gay, em Botafogo, são alvos de ataques pontos de grande concentração de homossexuais, como a avenida Atlântica, próximo ao Copacabana Palace, e a estação das barcas do município de Niterói.
Mas, em pontos isolados, homossexuais têm sido também agredidos.
Na sexta passada, o diretor do Atobá Daniel Pinheiro ficou com fraturas nos braços e costelas ao ser agredido por dois carecas em uma rua de Realengo (zona oeste).
Exército
Pereira afirmou que, em maio passado, um homossexual -que não quer ter sua identidade revelada- teria sido agredido por soldados da PE (Polícia do Exército) que policiavam o monumento aos Pracinhas, no aterro do Flamengo.
Para zombar do homossexual, esses soldados teriam pego um travesti para forçar o rapaz a praticar sexo oral. Pereira disse que o rapaz recusou e acabou levando uma coronhada no joelho.

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