São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997![]() |
![]() |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Música clássica é a preferida
ROSANE MINGHIM
Ele usou um IBM 704 com 32 mil palavras de 36 bits de memória, nos laboratórios Bell, em 1957. Esse programa se chamava "Music I", e somente sua quinta versão ("Music V") pôde ser desenvolvida numa linguagem de programação que poderia ser recompilada em outras máquinas, com o surgimento do primeiro compilador "Fortran". O único recurso disponível para programação dos primeiros programas ("Music I" até "Music III") era a linguagem de máquina, uma ferramenta hoje obscura e desconhecida da maioria dos novos programadores. Só na quarta versão foi usado um computador com a (na época) novíssima tecnologia de transistores. Aquele computador foi um IBM 7094, inúmeras vezes mais lento que qualquer microcomputador utilizado em aplicações domésticas e comerciais hoje em dia. O "Music V" deu origem a muitos dos primeiros programas de grande utilidade em música, inclusive os amplamente utilizados "cmusic" e "CSound". Uma linguagem poderosa para geração de música por computador é a "Max", para Macintosh, nomeada em homenagem a ele. Muito simpático e acompanhado por sua esposa, Marjorie, Mathews concedeu esta entrevista pouco depois da apresentação de seu novo invento, a radiobatuta. (RM) * Folha - Como você iniciou o interesse em música por computador? Max Mathews - Gosto de música e toco, muito mal, o violino. Gosto de tocar, e num conserto certa vez testemunhei uma má interpretação de uma música, e meu chefe e eu imaginamos que até o computador talvez pudesse fazer melhor que aquilo. Meu chefe então sugeriu que eu escrevesse um programa para tocar músicas, e foi assim que escrevi o "Music I". Folha - Quais foram suas maiores dificuldades? Mathews - Os laboratórios Bell não gostavam que aquilo fosse feito em suas dependências, mas com a ajuda de meu chefe que protegeu meu trabalho, pude dar continuidade, trabalhando à noite nos programas de música, e durante o dia nos projetos de telefonia. Quanto às dificuldades tecnológicas, o problema é que no início o computador não podia reproduzir as variações do espectro de frequências durante o display de uma mesma nota. Folha - Qual é a contribuição do seu trabalho? Mathews - A música por computador evoluiu muito, a partir do trabalho original, com nova tecnologia, novos programas e novas interfaces. Quase tudo pode ser feito por software, em vez de ter de ser produzido um novo hardware a cada nova técnica. Talvez as futuras gerações, que encontrarão as coisas muito mais fáceis, nos agradeçam. Folha - O que o senhor está fazendo agora? Mathews - Além do desenvolvimento da radiobatuta, eu desenvolvo violinos eletrônicos. Folha - Um dos problemas existentes é a reprodução, por computador, de uma performance em particular de um artista. Como o computador poderá vir a reproduzir corretamente? Mathews - Talvez o computador possa vir a observar e registrar (com o uso de câmeras) os movimentos do artista, com isso reproduzindo a sequência de passos. Com o piano, isso já foi iniciado, pois é mais fácil. Folha - Qual tipo de música o senhor prefere? Mathews - Prefiro as clássicas e as românticas. Gosto de tocar as do início do período romântico e de ouvir as do final desse período. Folha - Está gostando do Brasil? Mathews - Adorando, em especial as pessoas, e espero voltar mais vezes. Texto Anterior: Música no PC é atração em congresso Próximo Texto: Quem é Max Mathews Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |