São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 1997
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Presidente do Irã apresenta gabinete

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O recém-empossado presidente do Irã, o clérigo moderado Mohammad Khatami, apresentou ontem, para aprovação do Majlis (Parlamento), a lista de 22 nomes que quer ver em seu gabinete.
Segundo diplomatas ocidentais e analistas políticos, as escolhas do novo presidente iraniano revelam concessões à poderosa ala conservadora do país, que domina, entre outros setores, o Parlamento. Pastas ligadas a relações exteriores, inteligência e defesa foram mantidas nas mãos de aliados dos conservadores.
Khatami deve enfrentar problemas na aprovação dos escolhidos para alguns ministérios de assuntos domésticos, campo no qual o clérigo moderado prometeu mudanças durante sua bem-sucedida campanha eleitoral. Ele venceu o primeiro turno das eleições, realizado em maio, batendo seu concorrente direto, o atual presidente do Congresso, Ali Akbar Nateq-Nouri (conservador).
Ataollah Mohajerani, nomeado para o Ministério da Cultura e Orientação Islâmica, é, segundo analistas, a escolha mais controversa do presidente.
Mohajerani recebeu duras críticas em 1990, quando propôs negociações diretas com os EUA e pressionou por liberdades culturais.
"Khatami enviou um sinal claro de que honrará seu mandato eleitoral implementando a justiça social e a lei civil", disse um diplomata ocidental que previu dificuldades na aprovação do indicado.
Outro nome controverso é o de Abdollah Nouri, líder de um grupo de clérigos de esquerda que adotou posições mais moderadas nos últimos anos. Nouri foi indicado para o Ministério do Interior.
O presidente do Parlamento disse que os 270 deputados do país vão começar a discutir a lista amanhã para votá-la na sexta-feira.
Indicados da situação
Alguns indicados de Khatami devem ser aprovados sem problemas -entre eles Qorbanali Dorri Najafabadi, para o Ministério da Segurança Interna (inteligência), Kamal Kharrazi, como chanceler, e Ali Shamkhani, para a Defesa.
Khatami optou por manter cinco membros do gabinete do ex-presidente Ali Akbar Rafsanjani.
Issa Kalatari (Agricultura), Hossein Kamali (Trabalho) e Esmail Shoushtari (Justiça) devem continuar em seus postos.
Bijan Namdar Zangheneh, ex-ministro da Energia no governo Rafsanjani, foi nomeado para a pasta do Petróleo. O então titular do Ministério das Cooperativas, Gholamreza Shafei, foi indicado para comandar o da Indústria.
Ao contrário das especulações da mídia iraniana, o novo presidente do país, empossado em 4 de agosto, não apontou nenhuma mulher para seu gabinete. Caso ocorresse, a indicação seria a primeira de uma mulher para um cargo tão importante desde a Revolução Islâmica no país, em 1979.
Os jornais disseram também que uma mulher seria nomeada para um dos cargos de vice-presidente, que não necessitam da aprovação parlamentar. A notícia, até ontem, não havia sido confirmada.

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