São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 1997
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MAM reúne 'inventos' de Monteiro

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REDAÇÃO

Escultor, pintor, desenhista, gravurista, ilustrador, fotógrafo, poeta, figurinista, cenógrafo, colecionador e professor de arte.
João Cabral de Melo Neto escreveu que prefere chamar Vicente do Rego Monteiro de inventor.
A partir de hoje, 170 "inventos" do precursor do modernismo no Brasil estão em exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
É a maior retrospectiva já realizada de Monteiro (1899-1970), a quem o curador da mostra, Walter Zanini, chama de "modernista internacional do Brasil".
Com a mesma desenvoltura, o artista pernambucano se engajou entre os modernistas que protagonizaram a Semana de Arte de 22 em São Paulo e brilhou na chamada Escola de Paris -que inclui nomes como Picasso, Braque e Léger.
A exposição do MAM não começa com as pinturas da década de 20, fase mais importante do artista. Também estão no museu esculturas, aquarelas e uma rica produção gráfica, inédita, segundo Zanini.
Os desenhos expostos, em particular os estudos de símbolos marajoaras, fornecem pistas da trajetória estética de Monteiro.
Como explica Zanini, "até 1925 sua figuração está imersa em rigorosas malhas geométricas".
Não foi apenas o rigor geométrico, característico da padronagem marajoara, que colaborou para que ele fosse considerado um dos artistas que melhor conseguiu transpor volume para a pintura.
Aos 14 anos, quando estudava em Paris, sua habilidade com a escultura era tamanha que ele era conhecido por "Le Petit Rodin".
Como afirmam diversos críticos, os antecedentes escultóricos de Monteiro explicam o predomínio da linha sobre a cor e a desenvoltura dos volumes em sua pintura.
Na realidade todas essas características fazem referência a uma parte específica da produção do artista, o intervalo entre 1920 e 1929, quando ele produziu seu maior volume de pinturas.
Em uma entrevista em 1930, Rego Monteiro admitiu que estava entediado com a pintura.
Nesse momento é que seu ímpeto transborda para outras fronteiras. Atividades tão distintas como o cinema, a corrida de automóveis e a produção de aguardente -mesmo elogiada, a cachaça "Gravatá" não prosperou- passam a fazer parte de sua agenda.
Na década de 40, ele se volta com energia para a poesia, arte em que chegou a ser premiado.
A pintura só volta a ser sua preocupação central anos antes de morrer, quando o artista volta a pintar obsessivamente, retomando temáticas frequentes de sua produção, como a religião, os animais e cenas esportivas.

Exposição: Vicente do Rego Monteiro
Quando: hoje, às 19h; ter a dom, das 10h às 18h; qui, das 10h às 22h. Até 18/9 Onde: Museu de Arte Moderna (parque Ibirapuera, portão 3, tel. 011/549-9688)
Quanto: R$ 5; grátis às terças

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