São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 1997
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"Poema do Lixo" comove e diverte

MÔNICA RODRIGUES COSTA

Um grupo de jovens atores manipuladores (entre 17 e 21 anos) apresenta uma história sobre mendigos que é ao mesmo tempo naturalista, poética e bem-humorada.
É naturalista porque mostra as coisas como são. "O Poema do Lixo" é um teatro de bonecos que conta como vive um grupo de pessoas na rua. O menino que cheira cola, o garoto catador de papel etc.
É um trabalho poético porque emociona o espectador tanto pelo conteúdo -que deixa ver que, mesmo na mais absoluta precariedade de condições, há afeto e solidariedade entre as pessoas- como pela forma de contar os fatos e transmitir as emoções.
A direção, de Daisy Nery e Paco Abreo, procura ser comedida. Não se observam reações de piedade ou o blablablá doutrinário com a intenção de salvar a humanidade das catástrofes ecológicas e sociais.
A peça fala de reciclagem de lixo de forma natural: Dona Ana, a protagonista, faz a comida para o grupo com os alimentos que arranja, e o catador de lixo separa papéis para vender (e reciclar). São ações cotidianas, integradas ao contexto narrativo.
Os atores usam a técnica de manipulação do bunraku para movimentar os personagens, em que cada boneco é manipulado por três deles. São competentes e objetivos. Ficam quase invisíveis ao dar expressão aos bonecos.
Finalmente, a montagem é engraçada. Os mendigos levam a vida na brincadeira, namoram, sonham e dançam, em cenas que remetem aos musicais de sapateado ou a célebres filmes, como "Cantando na Chuva".

O POEMA DO LIXO - Texto: Carlos Meceni. Direção: Paco Abreo e Daisy Nery. Com a Cia. Daisy Nery. Recomendado para crianças de 7 a 12 anos. Cacilda Becker (r. Tito, 295, Vila Romana, região noroeste, tel. 864-4513). 216 lugares. Sáb. e dom.: 16h. Até 14/09. 50 min. Ingr.: R$ 6.

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