São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997 |
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Maluf nega direitos humanos a bandido
PATRICIA ZORZAN
Elogiando o Plano Real, falando em Deus e criticando a existência de direitos humanos para "bandidos", o ex-prefeito tenta conseguir apoio em encontros com lideranças do interior paulista. "Direitos humanos não são para bandidos. São para o povo que paga impostos", afirmou anteontem em Ribeirão Bonito. Organizado, carrega com ele dados sobre os municípios que visita. Em pastas azuis identificadas por etiquetas, dispõe de informações a respeito da composição das Câmaras Municipais, do número de votos que recebeu nas eleições para governador em 1990 e de suas principais obras na cidade. Fazendo propaganda de sua "boa memória", Maluf cita em seus discursos os dados previamente recolhidos. Agradece pelo apoio que recebeu da população local quando disputou o Palácio dos Bandeirantes e, entre risos, pergunta se as pontes que construiu ainda estão de pé. "Homem de bem" FHC, que o ex-prefeito chegou a comparar ao ditador nazista Adolf Hitler nas eleições municipais do último ano, agora é elogiado e tratado como um "homem de bem". Com a trégua repentina em relação ao presidente, as críticas ao PSDB ficaram restritas ao governador Mário Covas (PSDB), provável adversário de Maluf em 98 e alvo preferido dos pepebistas. "O que prolifera no Palácio dos Bandeirantes é a mosca tsé-tsé, que transmite a doença do sono", disse anteontem o presidente estadual do PPB, Marcelino Romano Machado, que acompanha o ex-prefeito na viagem. Além da geração de empregos, a recente crise das Polícias Militar e Civil também ocupa um lugar de destaque no discurso malufista. "Criticar as polícias é uma grande injustiça. A Polícia Militar é boa. A Polícia Civil é boa. O que falta é pulso do secretário da Segurança Pública", tem repetido o ex-prefeito, sob aplausos. Os malufistas que participam da "marcha política" pelo interior comemoram o que foi considerado um "excelente" início de campanha. O envolvimento de Maluf na investigação sobre a suposta compra irregular de frangos pela Prefeitura de São Paulo não despertou grande interesse entre os eleitores do interior. "Pode até ser verdade que o Maluf tenha culpa. Mas isso não muda o meu voto. Todos os políticos roubam", afirmou a estudante de direito Daniela Camile, 24, moradora de Dois Córregos que foi conhecer o ex-prefeito. Na avaliação do PPB, a superexposição de Maluf despertou nas pessoas uma "sensação de perseguição" em relação ao ex-prefeito. "O excesso de críticas gera a impressão de que há injustiças e provoca pena. O Maluf vai saber capitalizar isso", disse o vereador Miguel Colasuonno (PPB-SP). Lideranças de todos os partidos, incluindo o PSDB de Mário Covas, vêm participando das reuniões políticas patrocinadas pelo PPB. "O partido não me interessa. Quero saber o que foi feito pela cidade", declarou Maluf diante do prefeito tucano de Ribeirão Bonito, Francisco de Queiroz. Animado com a presença do visitante famoso, Queiroz afirmou que as divergências entre Maluf e seu partido são "coisas da opinião pública". "Aqui tem voto para todos", disse, sorridente. Texto Anterior: Quota menor na privatização não preocupa fundos de pensão Próximo Texto: Pepebista promete apoio para 2000 Índice |
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