São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997
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Senador chama juíza de louca

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Lauro Campos (PP-DF) classificou ontem como "louca moral" a juíza Sandra Mello por ter desqualificado a acusação de homicídio qualificado contra quatro dos cinco jovens que queimaram, em Brasília, o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos.
O senador disse que a juíza, presidente do Tribunal do Júri de Brasília, com essa decisão, também "autorizou" a "brincadeira" da queima e morte de nove mendigos que seriam atacados por mês nas ruas de São Paulo.
"Essa juíza é uma louca moral, conforme definição de um jurista clássico, porque não absorveu os valores éticos da vida social", disse o senador.
Advogado, Campos discordou da juíza por ela ter dito que o clamor público contra a morte do índio deve ser dirigido contra o Congresso para modificar as leis.
"Na legislação, já está claro que quem comete um ato é também responsável pelos seus resultados", disse o senador.
Campos desafiou a juíza a processá-lo.
Disse que abre mão da imunidade parlamentar para responder a um eventual processo.
Para ele, os crimes cometidos contra os mendigos em São Paulo também podem ser abrandados apenas como lesão corporal seguida de morte, como a juíza classificou o crime cometido contra o índio.
Em tom de ironia, ele afirmou: "Quem queima mendigo em São Paulo também não quer matar, mas apenas fazer um churrasquinho da pessoa, e azar dela se morre."
Campos disse que os promotores do caso devem recorrer às leis de proteção aos animais para pedir à Justiça punição mais severa. "Se eles tivessem matado um passarinho, responderiam por crime inafiançável", disse o senador.

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