São Paulo, sábado, 16 de agosto de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Brasil fatura com cachês da Europa Times abandonam Nacional LUIZ CESAR PIMENTEL; RODRIGO BERTOLOTTO; VALMIR STORTI
Não satisfeitos em contratar jogadores brasileiros para suas equipes, o futebol europeu está "importando" times inteiros do país para seus torneios preparatórios para a temporada 1997/98. Por cotas que variam entre US$ 1 milhão e US$ 2,5 milhões, essas equipes se submetem a uma maratona de jogos e vôos, deixando em segundo plano o Brasileiro-97. Com esses compromissos, os clubes, como o Flamengo, podem lucrar dez vezes o que vêm embolsando por partida do Brasileiro. Visando essas cifras, os clubes se sujeitam a condições inusitadas. O Vasco, por exemplo, aceitou uma agenda na qual retornam em um sábado pela manhã, treinam no mesmo dia à tarde, e voltam a campo no domingo, para um compromisso do Brasileiro. "O jogador tem de ser um super-homem para aguentar isso", afirma o preparador físico do Corinthians, Flávio Trevisan. Assim, o calendário do Campeonato Brasileiro, principal torneio do atual campeão mundial, se adapta às necessidades dos treinos preparatórios dos europeus. E entre os times que conseguem uma vaga na agenda de um desses torneios -geralmente quadrangulares-, encontram-se até os de menos tradição, como o Vitória-BA e a Lusa. O time do técnico Edinho, porém, viaja sem cachê, já que o jogo do próximo dia 26, contra o Real Madrid, já estava programado como parte do pagamento de Zé Roberto para o clube espanhol. Na verdade, o acerto programava dois jogos, mas, sem datas, o Real Madrid acenou com a possibilidade de a Lusa enfrentar sua equipe B -convite descartado. Assim, o time viaja no dia 24, joga dia 26 e volta no dia seguinte, para pegar o Guarani, no dia 31. Já o Corinthians, campeão do torneio Ramón de Carranza, irá à Espanha para defender seus título, mas o otimismo dos dirigentes poderá submeter os atletas a trocarem o CT de Itaquera pelo luxo de treinar uma semana na Espanha. Com jogos nos dias 21 e 22 deste mês, os dirigentes pensaram em acertar mais dois amistosos e marcaram a volta para o dia 29. As tentativas de agendar esses compromissos foram frustradas, e o time corre o risco de passar sete dias só treinando naquele país. No Palmeiras, o preparador físico Paulo Paixão se desdobra para adaptar o time ao calendário. No mês passado, a equipe fez quatro jogos nos EUA e agora vai jogar nos dias 20 e 21 em Valência. "Nos EUA, um dos nossos jogos terminou muito tarde e o hotel fechou o restaurante. Os jogadores se alimentaram com o serviço de quarto, que, para todos ao mesmo tempo, demorou muito tempo." Paixão está acostumado a programar jogadores para esse tipo de sacrifício. Trabalhou no Grêmio de 92 a 96, quando, apesar de a equipe fazer mais de 90 jogos por ano, conquistou um Brasileiro, uma Libertadores, duas Copas do Brasil e três estaduais. Além dos jogadores, o calendário fica prejudicado, com rodadas atrasadas e o começo da Supercopa. (LUIZ CESAR PIMENTEL, RODRIGO BERTOLOTTO e VALMIR STORTI) Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Espanha é a potência européia Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |