São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Gratuidade é mais importante na escolha

BETINA BERNARDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A gratuidade é mais levada em conta do que a qualidade de ensino no momento da opção por uma universidade federal, segundo a pesquisa da Andifes.
Indagados sobre os motivos que os levaram a optar por uma universidade federal, 83,6% dos alunos citaram o ensino gratuito. A qualidade ficou em segundo lugar, citada por 59%.
A escolha do curso tem motivações mais individualistas que sociais. Para 67,4% dos universitários, a aptidão pessoal é o que conta na decisão da faculdade que vão fazer. A realização pessoal vem em seguida, com 65%.
A contribuição social do curso é citada por menos de 30% e, as vagas no mercado, por menos de 20%. "É ingenuidade esperar que a juventude respondesse uma coisa diferente numa sociedade altamente individualizada como a nossa", diz Felipe Serpa, reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
A pesquisa do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis, ligado à Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições de Ensino Superior), foi realizada para guiar a implementação de uma política de assistência ao estudante.
Atualmente, contam com a ajuda de programas de assistência (como auxílio alimentação, transporte, alojamento e creches) 10% dos universitários, 37% dos quais pertencentes às classes D e E.
Nelson Amaral, 44, vice-reitor da Universidade Federal de Goiás, traçou um quadro provável da renda familiar dos alunos.
Os padrões de consumo e conforto não seguem necessariamente a renda familiar. Há famílias de baixa renda mensal com maior acesso a bens que famílias mais bem remuneradas. Mas, em linhas gerais, é possível ter uma idéia da renda por classe.
A partir desse trabalho, 55% dos estudantes incluídos na classe A teriam renda familiar acima de 40 salários mínimos (R$ 4.480).
Na classe B, a maioria (67%) teria renda entre 7 e 30 mínimos (R$ 784 e R$ 3.360); na classe C, 69% entre 3 e 15 mínimos; 74% da D, 2 a 10 mínimos; na E, 80% ganham até 5 salários mínimos.
A partir desses resultados, Amaral considera inviável instituir o ensino pago nas universidades federais nos padrões recomendados pelo Bird (Banco Mundial).
O organismo recomenda que universidades arrecadem, com mensalidades, 30% de seu orçamento. No contexto brasileiro atual, isso equivaleria a R$ 1,79 bilhão ao ano.
Segundo Amaral, isentando as famílias com renda até dez salários mínimos, cada aluno custaria algo próximo a 22% da renda de sua família para sustentar o montante recomendado pelo Bird.

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