São Paulo, domingo, 17 de agosto de 1997
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Cirurgia melhora paciente com enfisema

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma cirurgia que retira um pedaço do pulmão promete ser uma nova alternativa de tratamento para pessoas que sofrem de enfisema -doença crônica que leva à falta de ar intensa e progressiva.
O maior responsável pelo enfisema é o cigarro. Fumar destrói as paredes dos alvéolos -pequenos "sacos" responsáveis pela oxigenação do sangue nos pulmões.
A ruptura das paredes dos alvéolos dá origem a "sacos maiores" mas pouco operantes (veja quadro ao lado). Como consequência, o ar fica "represado" nessas áreas ao invés de ser utilizado na troca de gases do sangue.
O pulmão fica mais "inflado" e acaba dificultando a ação dos músculos que auxiliam a respiração.
A cirurgia retira as partes do pulmão que não estão funcionando de maneira adequada, reduz o tamanho final do órgão e permite que os músculos respiratórios possam funcionar melhor.
O cirurgião torácico Aldemir Bilacchi, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC) de São José do Rio Preto (SP) diz que a cirurgia pode melhorar a capacidade respiratória em até 40%.
Bilacchi explica que, antes da cirurgia, uma série de exames são realizados (tomografia, cintilografia de perfusão) para identificar quais as áreas efetivas na respiração e quais as áreas que só estão "acumulando" ar. Segundo ele, 90% dos pacientes acabam tendo o ápice (parte superior) dos pulmões retirado e 10% acaba perdendo sua base. As áreas centrais são preservadas.
A nova cirurgia usa um princípio bastante parecido com o que o cirurgião paranaense Randas Batista emprega na operação de redução do tamanho do coração em pacientes com insuficiência cardíaca.
A redução do volume de um órgão "inchado" e pouco funcional gera um coração ou um pulmão menor, mas mais eficiente.
A redução do pulmão substitui a única alternativa anterior, que era o transplante do órgão. Esse procedimento era muito mais complexo -exigia um doador, uma cirurgia longa e difícil e os riscos de rejeição do órgão e de infecções.
Na operação, o cirurgião corta a porção inoperante do pulmão e coloca uma série de "grampos" na parte que foi preservada.
Bilacchi explica que a cirurgia não serve para todos os tipos de paciente e que ela não cura o enfisema, mas dá melhor qualidade de vida e capacidade respiratória.
Para ser candidato à cirurgia, o paciente deve preencher alguns critérios: enfisema difuso (com áreas boas e ruins), tórax distendido, diafragma achatado, níveis de oxigênio no sangue baixo, gás carbônico retido, massa muscular alterada e abandono do cigarro.

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