São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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Jovens são os que mais morrem e matam

SILVIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

"No lugar onde eu moro, o Capão Redondo, ou você atira ou você leva." A frase do estudante O.M.S., 22, resume o clima de faroeste que impera em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
O Brasil é o campeão de homicídios provocados por arma de fogo, segundo estudo realizado pela ONU em 46 países. Pior: o maior alvo das balas são os jovens.
"O grupo social que apresenta o maior aumento do número de vítimas das armas de fogo está entre 15 e 24 anos", afirma o sociólogo Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
O número de homicídios em cada 100 mil habitantes nessa faixa etária saltou de 60 em 1980 para 246 em 1995, segundo estudo da professora Maria Helena Mello Jorge, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Além de serem as maiores vítimas, os jovens também são os principais agressores. A maior parte dos indiciados por homicídio na capital paulista em 96 tinha entre 18 e 30 anos, aponta um relatório da polícia civil de São Paulo.
Alarmados com esse ambiente de guerra, estudantes de São Paulo lançaram, na última segunda-feira, uma campanha pelo desarmamento com o lema "Eu Sou da Paz".
"Essa ação deve partir dos jovens. A gente quer mostrar que ter uma arma em casa traz risco para você e para quem você gosta. Também vamos pressionar o governo para desenvolver políticas de segurança pública que combatam o problema", diz Denis Mizne, 21, presidente do centro acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da USP. A campanha está sendo coordenada pelos alunos da faculdade e por entidades estudantis como a UNE, Ubes, UEE e Upes.
Depoimentos
Leia nesta página depoimentos de três jovens que, por razões diferentes, têm arma em casa.

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