São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 1997
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Com que roupa ele vai?

MARTA SALOMON

Brasília - Não é só a esquerda brasileira que tem problemas para definir um projeto para a eleição de 98.
Os aliados da reeleição de Fernando Henrique Cardoso também não se acertaram sobre como apresentar ao eleitor a perspectiva de um segundo mandato do presidente.
O debate, iniciado nos institutos Tancredo Neves e Teotônio Vilela- órgãos de assessoria intelectual do PFL e do PSDB-, tem uma obviedade como ponto de partida: a estabilidade da economia já não basta para ganhar a eleição. O passo seguinte é identificar onde o governo FHC deu errado.
Como falar em privatização sem limites não dá muito voto, o PFL ensaia dar prioridade máxima a um "projeto social" para o país.
O deputado Vilmar Rocha, presidente do Instituto Tancredo Neves, sustenta que a política social do governo FHC "está muito longe do ideal". Ao programa Comunidade Solidária, comandado por Ruth Cardoso, Rocha dá nota cinco.
Outro campo em que o governo FHC não teria feito "praticamente nada", avalia Rocha, é a geração de empregos. O PFL, que prometeu criar 12 milhões de empregos na campanha de 94, insiste em mexer nos direitos trabalhistas.
O presidente do Instituto Teotônio Vilela, senador Lúcio Alcântara (ex-PFL), aponta o crescimento econômico como o principal desafio de um eventual segundo mandato de FHC. "Não será tão simples", avisa.
O resto será definido mais adiante, com base no ânimo do eleitor, que as pesquisas de opinião se encarregarão de mostrar.
PFL e PSDB não terão 100% de coincidência, mas os dois partidos acabarão se entendendo no papel e deixando para brigar depois, se FHC for reeleito, para ver quem manda mais.
Até aqui, a opção para o eleitor é mais ou menos a seguinte: para sair do isolamento, a esquerda tende a encampar parte do discurso de FHC. Já os aliados da reeleição, para permanecerem no poder, acabam reconhecendo que parte das idéias do presidente jamais virou realidade.

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