São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 1997
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Ordem é atirar para matar, diz ruralista

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A ordem dada por ruralistas aos homens que reforçam a segurança das fazendas no Pontal do Paranapanema (SP) -onde esta semana o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu duas propriedades- é atirar para matar.
"Não estamos para brincadeira. Eles serão recepcionados a bala e, desta vez, nossa segurança vai atirar para matar", disse o presidente do Sindicato Nacional dos Produtores Rurais, Narciso Clara.
Clara acusa o MST de "covardia" por invadir áreas desprotegidas. "Por que eles só entram onde não temos seguranças? São covardes. Por que o (João Pedro) Stedile e o José Rainha Jr. não participam das invasões?", disse, sobre os dois líderes do movimento.
O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, afirmou que não houve uma ordem expressa nesse sentido, mas admite que os ruralistas estão dispostos a "usar todos os meios" para defender suas propriedades.
"Se eles estão invadindo e destruindo as fazendas, inclusive à mão armada, não podemos ficar olhando. Você receberia um assaltante com flores na mão?", questiona. Segundo ele, os sem-terra que atuam no Pontal estão armados com revólveres calibre 38.
Santos recorre ao Código Civil para justificar sua posição. "O artigo 502 do Código afirma que podemos usar os meios indispensáveis para manter a propriedade."
Diz o Código, no capítulo que trata dos efeitos da posse: "O possuidor turbado (perturbado), ou esbulhado (privado da posse), poderá manter-se, ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo".
O MST fixou ontem uma placa, dentro da fazenda São Domingos, com a frase "UDR abre a temporada de caça aos sem-terra". Foi colocada a 600 metros da sede.

Colaborou a Agência Folha

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