São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 1997
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Votação da nova lei eleitoral é adiada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes governistas decidiram adiar a votação do projeto da nova lei eleitoral para tentar fechar um acordo com a oposição. A votação, que estava prevista para hoje, deve ocorrer na próxima terça-feira.
Os líderes vinham anunciando a intenção de derrubar, no plenário, os pontos do projeto que não agradavam ao Palácio do Planalto. Ontem, afirmaram que pretendem marcar reunião com a oposição para negociar.
A mudança de discurso se deveu à constatação de que não haveria votos suficientes para mudar o relatório do deputado Carlos Apolinário (PMDB-SP), que prevê, entre outros pontos, a proibição da participação de candidatos em inaugurações de obras públicas.
Criticado pelo PFL e pelo PSDB, Apolinário conseguiu o apoio de parte da bancada do PMDB, do PPB e do PTB, além dos partidos de oposição, como PT e PDT.
"Estamos abertos à negociação de qualquer item. Não é questão de vida e morte. Não seremos intransigentes", disse o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
Na semana passada, Inocêncio afirmava o contrário. "Está tudo acertado. Se o relator não mudar o texto, vamos apresentar emendas assinadas por todos os líderes no dia da votação", disse ele, no último dia 12, depois de se reunir com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Apolinário comemorou a mudança de atitude dos governistas. "Sempre disse que não faria uma lei para o governo, mas para o país. Se houver uma reunião entre governo e oposição para discutir o projeto, estarei presente."
Para facilitar a negociação, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), articulou com Apolinário o adiamento, de ontem para hoje, do início da discussão do projeto em plenário.
"A votação deve acontecer na próxima terça-feira", disse Inocêncio.
Apesar do esforço pelo entendimento, a possibilidade de um acordo entre partidos governistas e de oposição é remota. Eles divergem sobre financiamento público de campanhas e duração da propaganda eleitoral gratuita.
Os próprios partidos da base governista têm divergências, principalmente em relação aos critérios de divisão do tempo no rádio e na TV entre os partidos.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), voltou a fazer ameaças veladas de tomar a iniciativa de legislar sobre as eleições. Ele afirmou que o projeto de lei eleitoral do senador José Serra (PSDB-SP), apresentado na semana passada, vai tramitar com "celeridade maior ou menor, dependendo da atitude da Câmara".

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