São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 1997
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Índios chegam a Brasília para protestar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Doze índios da tribo pataxó chegaram ontem a Brasília para protestar contra a sentença da juíza Sandra De Santis Mello no caso da morte de Galdino Jesus dos Santos. Eles serão recebidos pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo o Palácio do Planalto.
Até ontem, a família do pataxó não havia marcado a audiência no Palácio do Planalto. A Presidência da República informou que, tão logo a audiência esteja confirmada, o presidente estará "pronto" para receber a família de Galdino.
Entre os índios estão os pais e a viúva de Galdino. Para os familiares, os cinco rapazes que atearam fogo em Galdino tiveram intenção de matá-lo. Eles afirmam que o modo como mataram o índio mostra que não era a primeira vez que faziam isso.
"Se a senhora vai passando pela rua e vê alguém deitado, a senhora vai até um posto comprar gasolina para 'brincar'? Acho que eles já tinham feito isso antes", disse Minervina de Souza, mãe de Galdino.
O crime aconteceu na madrugada do dia 20 de abril deste ano, e o pataxó morreu em consequência das queimaduras.
Audiência com FHC
Os índios pataxós também querem ser recebidos pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, e pelo ministro da Justiça, Iris Rezende. O Ministério da Justiça marcou uma audiência para amanhã. O próprio ministro deve receber os índios.
Minervina afirmou que a decisão da juíza não é justa com os índios. "Se fosse o meu filho que tivesse queimado um desses garotos, ou o filho dela (da juíza), quero ver se meu filho não ia ser preso."
Ela disse que quer conversar pessoalmente, se for possível, com a juíza. "Só quero pedir para ela não soltá-los", afirmou a índia.
O pai de Galdino, Juvenal Rodrigues, 67, também disse que a juíza não foi justa. "Se fosse com ela, ela não acharia bom ser queimada. Ela tem que fazer justiça, não injustiça", afirmou Rodrigues.
A viúva de Galdino, Genilda Rosa Campos, 47, declarou que os rapazes tiveram claramente a intenção de matar seu marido. "Fogo queima, gente. Fogo mata. Que brincadeira é essa?", perguntou.
Os índios pretendem fazer hoje um ato de protesto na praça do Compromisso, na quadra 703/4 sul, local onde Galdino foi queimado. A idéia é pressionar a juíza.

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