São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Multinacionais exportam pouco, diz estudo
ANTONIO CARLOS SEIDL
A participação das exportações nas vendas totais das multinacionais com subsidiárias no país foi pequena e declinante nos dois últimos anos, representando coeficiente de 9,96% em 1996 -em 1995 foi de 11,34%. A informação consta da última "Carta da Sobeet", de julho, que começa a ser distribuída aos assinantes no final desta semana. A publicação lança um novo indicador do peso das empresas industriais com pelo menos 25% de capital estrangeiro nas vendas externas brasileiras: o coeficiente de exportação, obtido pela divisão do valor das exportações de produtos industrializados pelas vendas totais das multinacionais no país. A média de 9,96% em 1996 é o resultado de coeficientes muito diversos por setores (veja tabela ao lado). Dos 28 setores analisados, 17 registaram coeficientes de exportação inferiores à média. Sem fome Octavio de Barros, diretor técnico da Sobeet, diz que o estudo revela de forma pioneira que falta apetite exportador às empresas com participação de capital estrangeiro (superior a 25% do capital total) no país. "O coeficiente médio de exportação ainda é baixo em comparação com outros países emergentes, como o México, onde é de cerca de 30%, confirmando a reduzida vocação exportadora das empresas estrangeiras no Brasil." A "Carta da Sobeet" vem esquentar o debate sobre a capacidade de o atual ciclo de investimento direto estrangeiro reverter os déficits comercial (exportações menos importações) e em transações correntes (resultado de todas as transações do país com o exterior). O governo afirma que é passageiro o impacto negativo do investimento direto na balança comercial. Esse impacto negativo é explicado pelo aumento do déficit comercial, provocado, entre outros fatores, pelo crescimento das importações de máquinas, equipamentos e insumos necessários para os investimentos produtivos. No entanto, um estudo da Unicamp, publicado ontem com exclusividade pela Folha, rebateu o que chamou de "hipótese otimista" do governo, destacando que, depois de analisar 79 projetos de investimentos de multinacionais, não encontrou evidências da reversão do déficit comercial. O estudo afirma que os investimentos se dirigem maciçamente à exploração do mercado interno. Novo horizonte Barros acha que isso é "natural" e "compreensível" porque a estabilização econômica no Brasil reconstruiu os horizontes e ampliou a dimensão do mercado interno, valorizando-o. As exportações totais brasileiras de produtos industrializados mantiveram-se estáveis em 1996 -expansão de apenas 0,09% nas vendas externas de bens que representam 72,7% das exportações. As exportações de produtos industrializados produzidos por empresas com participação de capital estrangeiro caíram 1,78% em relação a 1995. Com base em dados do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, a Sobeet identificou 412 empresas industriais (produtoras de manufaturados e semimanufaturados) com participação de capital estrangeiro. O valor das exportações dessas empresas foi de US$ 16,8 bilhões em 1996, ou 48,34% dos US$ 34,7 bilhões de exportações totais de produtos industrializados. Em 1995, as exportações dessas mesmas empresas foram de US$ 17,1 bilhões, ou 49,26% do total. Texto Anterior: Bovespa "descola" de NY e recua 1,11% Próximo Texto: Coeficiente de exportação das multis Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |