São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 1997
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Emerson, Lake & Palmer ainda tem a oferecer

ROGÉRIO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um quarto de século depois do auge de sua carreira, o trio Emerson, Lake & Palmer mostrou segunda-feira, no Olympia, que ainda tem muito a oferecer.
Pelo menos para o saudoso público que, se não conseguiu lotar a casa, fez questão de aplaudir de pé os malabarismos musicais desses senhores do rock.
Com um repertório bem escolhido, o ELP ofereceu um pouco de tudo que criou durante os anos 70.
A abertura contou com a antológica "Karn Evil 9-First Impression/Part 2", em que os três convidam o público para "o show que nunca acaba".
Em seguida, uma série de sucessos que ainda se mantêm na cabeça dos fãs do rock progressivo: "Tiger in a Spotlight", a fantástica "Hoedown", de Aaron Copland, e "Touch and Go", do disco com o baterista Cozzy Powell.
Uma pausa para o barulho dos sintetizadores de Keith Emerson, e foi a vez de Greg Lake cantar a mais bela de suas baladas, "From the Beginning" (aquela que serviu de "inspiração" para "Mania de Você", de Rita Lee).
Apesar de datado, o trio mostrou que sabe reciclar seu material. Muitos arranjos são novos e, com exceção de Lake, que parece não suportar o peso que adquiriu nesses anos todos, os músicos são tão ágeis como eram 25 anos atrás.
O show seguiu com "Knife Edge", "Lucky Man" e "Take a Peeble". Emerson ainda apresentou um número no piano para mostrar que não perdeu a criatividade dos seus tempos de glória.
Antes de deixar o palco pela primeira vez, o trio tocou uma revigorada versão de "Tarkus", talvez uma das músicas mais inovadoras daquele tempo em que o sucesso exigia muita ousadia.
Sem pausa, os três passaram para a parte final de "Pictures at an Exhibition", composição de Mussorgsky que alçou o ELP à fama no início dos anos 70.
Não foi um show para qualquer um. Os pouco acostumados com os ensurdecedores teclados de Keith Emerson talvez não aguentassem 15 minutos de Emerson, Lake & Palmer ao vivo.
Mesmo os mais críticos, porém, apreciariam a impressionante atuação da estrela da noite: Carl Palmer, que durante quase duas horas mostrou que realmente é o melhor baterista do mundo.
Seu solo, logo depois de "Fanfare for the Common Man" (mais uma de Aaron Copland), foi um show de genialidade do rei das baquetas, que tocou como um garoto e conquistou o público.
No último bis, uma surpresa: uma versão de "21st Century Schizoid Man", faixa de abertura do primeiro disco do King Crimson, do qual Lake fazia parte.
Emerson, Lake & Palmer continua sendo uma coisa do passado. Mas, no palco, o trio provou que merece, pelo menos de vez em quando, ser lembrado.

Show: Emerson, Lake & Palmer
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, Lapa, região noroeste, tel. 252-6255)
Quanto: R$ 30 (pista), R$ 45 (setor C) e R$ 70 (camarote)

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