São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
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Maluf e Sylvia negam ligação com venda

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) surpreendeu ontem o Ministério Público e resolveu depor sobre o caso da venda de frangos à Prefeitura de São Paulo pela empresa A D'Oro, de seu cunhado, Fuad Lutfalla.
Jogou toda responsabilidade do caso para a Secretaria Municipal do Abastecimento, afirmando que desconhecia a venda de frangos de parentes seus à prefeitura.
"O ex-prefeito disse que nunca soube da existência do negócio com a A D'Oro e que toda responsabilidade é dos secretários que cuidaram do contrato", afirmou o promotor Alexandre de Moraes.
O depoimento de Maluf corrobora a versão dada pelo ex-secretário Waldemar Costa Filho de que o negócio nunca saiu da secretaria. Costa Filho nega quaisquer irregularidades no fornecimento.
O ex-prefeito também disse ao promotor que nunca se envolveu com o trabalho na Obelisco.
Em 15 de julho, Maluf disse à Folha em Paris que a "granjinha (Obelisco) era um negócio ruim" e que a empresa só não tinha falido porque ele "estava por trás".
Sylvia
Sylvia Maluf tinha se dirigido ao Ministério Público às 19h35 de ontem para acompanhar sua mulher, Sylvia, que havia sido convocada a depor por ser dona da Obelisco Agropecuária, uma granja.
A empresa forneceu frango vivo para abate do ano passado até fevereiro deste ano à A D'Oro.
Entre agosto de 1996 e fevereiro deste ano, já na gestão Celso Pitta (PPB), a A D'Oro vendeu 823 toneladas de coxas e sobrecoxas à prefeitura. O Ministério Público suspeita de triangulação na venda.
"A dona Sylvia afirmou repetidamente que não poderia dar nenhuma informação do negócio porque nunca trabalhou efetivamente na A D'Oro. Isso cabia a seu genro, Murilo Curi, disse ela", afirmou o promotor Moraes.
No registro da Junta Comercial de São Paulo, porém, Sylvia Maluf aparece como "sócia e diretora" da Obelisco. "Ela disse que isso era decorativo", afirmou Moraes.
Depois das explicações de Sylvia, Maluf tomou a palavra e pediu para "aproveitar e depor".
Os dois permaneceram 1h15min com Moraes. Estavam acompanhados pelo secretário de Governo paulistano (gestões Maluf e Celso Pitta), Edevaldo Alves da Silva, e do advogado Arnaldo Malheiros Filho. Silva já havia acompanhado o depoimento de Nicéa Pitta.
Foram precedidos por quatro seguranças, que rondaram a região e, à chegada do casal, deram ordens aos seguranças do Ministério Público para impedir o acesso de jornalistas à garagem por onde os Maluf entraram.
Procuradoria
A Procuradoria Geral da República em São Paulo vai investigar todas as empresas ligadas à conexão uruguaia do Frangogate.
A decisão do procurador Pedro Barbosa Pereira Neto foi tomada após reportagens da Folha publicadas domingo, que mostravam a ligação entre a A D'Oro e a Inversora Rineos Sociedad Anonima.

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