São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
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Dinheiro não sai e MST mantém ameaça

EDMILSON ZANETTI

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO (SP)

BB descumpre promessa de liberar verba, e sem-terra dizem que vão bloquear agências hoje no Pontal

O Banco do Brasil descumpriu promessa de liberar ontem recursos para assentados, e o MST manteve a decisão, anunciada anteontem pelo dirigente José Rainha Júnior, de fechar hoje agências no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de SP).
A agência do BB em Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo) se comprometeu a liberar o custeio agrícola (R$ 448 mil).
As negociações emperraram na parte operacional do projeto de R$ 650 mil para investimentos. O gerente do banco no município, Ronald Allen Coulter, disse às 18h que não poderia liberar recursos sem assinaturas individuais de cada um dos 87 cooperados que seriam contemplados.
No dia anterior, o superintendente de crédito do BB no Estado, Sidnei Antonio Francisco, havia anunciado que os recursos estariam à disposição ontem.
No início da noite, os dirigentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) convocaram cerca de 500 assentados para bloquear a agência do BB em Teodoro Sampaio e a do Banespa em Primavera, distrito de Rosana.
No Banespa, não havia sido fechado acordo para amortizar a primeira parcela de um financiamento de cerca de R$ 800 mil para programas de plantio de cana e de exploração de pecuária.
A disposição do MST, segundo o presidente da Cocamp (cooperativa dos sem-terra no Pontal), Walmir Rodrigues Chaves, é bloquear as agências com tratores e sem-terra até que a verba seja liberada.
O comandante da PM em Teodoro Sampaio, capitão Renato Ryukiti Sanomya, pediu reforço de policiamento para a base de Presidente Prudente. Ele não revelou o efetivo de homens que utilizará.
Reintegração de posse
As cerca de 200 famílias sem terra que invadiram no domingo a fazenda Maturi 1, em Caiuá (650 km a oeste de SP), se comprometeram ontem a deixar a propriedade até domingo. Os sem-terra devem atender à liminar de reintegração de posse concedida pelo juiz Dirceu Brisolla Geraldini.
O comunicado foi feito ontem por um oficial de Justiça. O advogado do fazendeiro, Sergio de Godoy Bueno, se comprometeu a colocar dois caminhões à disposição dos invasores para ajudar na remoção dos barracos.
Os sem-terra admitiram deixar a área, mas ameaçam invadir o Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), caso não sejam contemplados com projetos de assentamento. Segundo o MST, cerca de 60% dos invasores estão cadastrados pelo Incra e pelo Itesp.
A advogada do MST na região, Luciane Moess Souza, dirigiu uma assembléia na qual os invasores decidiram sair da área. Já houve acordo para venda da Maturi 1 e da Maturi 2. O Incra tem até 3 de setembro para homologar o acordo.

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