São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997 |
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OAB pede nomes de acusados de massacre
ADELSON BARBOSA
Segundo Melo, os policiais que participaram da ação podem ser condenados à pena máxima de 30 anos de prisão, devido "aos requintes de crueldade e selvageria que praticaram". Os oito morreram ao final de um motim, na noite de 29 de julho. Os presos haviam tomado como reféns o diretor da penitenciária, Givaldo Farias, três policiais e três colegas de prisão. Segundo Melo, os policiais que participaram do massacre "cometeram crime hediondo". "Foram homicídios qualificados com os agravantes da selvageria, como esfacelamento de crânio", disse o presidente da OAB. Anteontem, o Instituto Médico Legal de João Pessoa divulgou laudos feitos nos oito cadáveres. Os laudos apontam que houve tortura antes dos assassinatos de sete dos presos. O governador José Maranhão admitiu o massacre e anunciou a exoneração dos coronéis Pedro Alves Júnior e Deuslírio Pires de Lacerda do comando do 5º Batalhão da PM e da coordenação do Sistema Penitenciário. O governador também anulou a promoção de um soldado que teria participado da ação. O soldado tinha sido promovido a cabo por ato de bravura, um dia depois do motim. A responsabilidade pelas mortes é atribuída pelo governo somente aos dois coronéis. Essa conclusão não é aceita pela OAB. A Pastoral Carcerária da Paraíba vai encaminhar hoje uma carta ao governador exigindo os nomes dos acusados pela invasão da cadeia, pelas torturas e pela morte dos oito presos. "Queremos saber quem, de fato, ordenou a invasão da cela de isolamento do Pavilhão 4, onde estavam os oito amotinados, pelos policiais militares, agentes penitenciários e por outros presos que também participaram", disse o padre. "É preciso que o governador aponte quem são os responsáveis diretos pela invasão e quem mandou executar. Isso é o que precisa ficar claro", afirmou o presidente da OAB, que designou o conselheiro Marconi Chianca para acompanhar os dois inquéritos policiais (civil e militar) que investigam o massacre. "Espero que o massacre do Róger não fique como o massacre do Carandiru, em São Paulo, pelo qual, até hoje, os responsáveis não foram punidos", declarou Melo. A Agência Folha não localizou ontem o delegado José Guedes Sobrinho nem o coronel Elias Alves Barbosa, que presidem os dois inquéritos. O comandante da PM, coronel Américo José Uchôa, também não foi encontrado. Ontem foi feriado para a Polícia Militar paraibana. Texto Anterior: Principais pontos da nova lei Índice |
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