São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
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Bozano,Simonsen estuda comprar times

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois da parceria do Excel com o Corinthians e da proposta do Garantia de comprar o departamento de futebol do São Paulo, um pacote de investimentos do Bozano,Simonsen consolida e amplia o interesse de grupos financeiros no futebol brasileiro.
Em menos de cinco meses, o Bozano,Simonsen, por meio de diversas empresas, já patrocina um clube e está disseminando fundos de investimentos nos moldes do recém-criado com o Fluminense.
Mais: associou-se a um novo negócio na imprensa esportiva e analisa a aquisição e administração de times de futebol.
A mais bem-sucedida iniciativa -pelo menos em repercussão- até agora é a do fundo.
Mais importante que as aplicações foi o desenvolvimento do "know-how" do produto pela empresa Torcedor S.A., da "holding" que cuida dos negócios financeiros de varejo do grupo.
"Já temos a proposta de um clube do Sul, de um do Sudeste e de outro do Nordeste para criarmos fundos semelhantes", diz o principal executivo da "holding", Márcio Leite.
O fundo do Fluminense completou ontem dez dias. Cerca de 800 torcedores já se associaram, com contribuição média de R$ 150.
Ao todo, apesar do fracasso do time no Campeonato Brasileiro, já foram captados R$ 120 mil (leia mais sobre o funcionamento do fundo nesta página).
Os investimentos no futebol começaram com a compra da seguradora Oceânica pelo grupo Bozano,Simonsen, em abril.
Pesquisa feita com corretores e clientes demonstrou que a melhor maneira de firmar a idéia de que um grupo econômico forte e seguro assumira a Oceânica foi divulgá-la no futebol.
Em junho, a seguradora passou a patrocinar todos os esportes do Fluminense. Segundo Márcio Leite, o clube recebeu inicialmente US$ 2,4 milhões, parte dos US$ 20 milhões que serão entregues durante o contrato de cinco anos.
O passo seguinte foi a criação do fundo. Na semana passada, no lançamento, havia quatro pontos de atendimento. Agora, devido à procura, são dez.
No fim de setembro, chega às bancas o jornal esportivo "Lance", com sede no Rio.
O Bozano,Simonsen é um dos acionistas do diário, por intermédio do Advent, um fundo de empresas.
O investimento do fundo do Bozano,Simonsen será de US$ 4,2 milhões. Desse total, já desembolsou US$ 1,2 milhão.
Além da participação direta com o Advent, o Bozano,Simonsen também investe como anunciante. A seguradora Oceânica vai gastar pelo menos US$ 1 milhão, em dois anos, em publicidade no "Lance".
O passo mais ousado do envolvimento do grupo com o esporte seria a compra de clubes -mais precisamente de seus departamentos de futebol-, conforme o projeto do ministro Pelé (Esportes) de reformulação da administração esportiva incentiva.
"Estamos analisando essa possibilidade", afirmou Leite. "O projeto mudaria a feição do esporte."
Com o patrocínio do Fluminense, o grupo, cuja "holding" para o varejo conta com 500 mil clientes, busca fortalecer a imagem de solidez para sua marca.
Com o fundo de investimentos, lucrar com a sua administração e os dividendos das cotas.
Com o "Lance", faturar no mercado de comunicação.
São negócios diferentes, em que o comum é o futebol.
"É inexorável o crescimento desse mercado. Ficamos entusiasmados com os primeiros resultados do Fluminense", disse o executivo do Bozano,Simonsen.

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