São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
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Lobby na Câmara emperra criação de CPI

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O lobby dos dirigentes de futebol conseguiu deter ontem a votação do requerimento de urgência para o projeto que cria a CPI do futebol na Câmara.
Os deputados aprovaram por 265 votos a 159 um requerimento para que o pedido de urgência fosse tirado da pauta. Houve dez abstenções.
Esse novo requerimento foi assinado pelos líderes do PFL, PMDB, PSDB, PTB, PPB e PL.
O líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), defendeu a decisão dizendo que há outros assuntos mais relevantes para discussão na Câmara. "Podemos discutir o mérito em outra ocasião."
Para Inocêncio, a CPI do futebol poderia trazer mais prejuízos do que lucros à Câmara. "Já tivemos uma experiência ruim com a CPI dos bingos."
Deputados favoráveis ao projeto suspeitam que uma festa, organizada por representantes de clubes e da CBF, teria sido realizada em Brasília para reunir deputados contrários ao projeto.
"Não consegui confirmar se houve a festa, mas há indícios", disse o deputado Ricardo Gomyde (PC do B-PR), autor do projeto que cria a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
Ele afirmou ainda ter visto o secretário-geral da CBF, Marco Antônio Teixeira, circulando pelos corredores do Congresso. Marco Antônio é tio do presidente da entidade, Ricardo Teixeira.
Críticas
O requerimento de urgência da CPI, que acabou não sendo votado, precisava da maioria dos votos dos 434 presentes para aprovação.
Agora, o requerimento só volta à pauta de votação quando o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) quiser.
O deputado Wilson Campos (PSDB-PE), autor do pedido de urgência, criticou o líder de seu partido, Aécio Neves (MG). "Ele poderia ter me consultado antes de assinar o requerimento."
Em discurso, horas antes da votação, o deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE) tachou a manobra de "ditadura da liderança".
"Não posso compreender que os líderes dos três maiores partidos queiram desautorizar a assinatura de 368 parlamentares." Após a votação, Gomyde disse que o ministro dos Esportes, Pelé, havia pedido apoio à CPI a Fernando Henrique Cardoso.

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