São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
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Arafat encontra radicais e desafia Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, disse ontem que não se submeteria às exigências de Israel de reprimir o terrorismo. Arafat fez referência à intifada, revolta dos palestinos contra a ocupação israelense (1987-1993).
"Eles (os israelenses) pensam que nós nos submeteremos às suas condições. Eu digo a eles que o povo palestino é resistente e que não se submete, exceto a seus próprios desejos", disse.
Sobre a intifada, Arafat afirmou: "Nós podemos... retornar para o começo. Todas as opções estão abertas". Seu porta-voz, Maruan Kanafani, explicou que Arafat "não se referia à violência, e sim que os palestinos iriam procurar seus direitos como pudessem".
As declarações de Arafat foram feitas durante a abertura do encontro de dois dias que reúne representantes islâmicos em Gaza. Participam líderes do Hamas (Movimento de Resistência Islâmico), da Jihad (Guerra Santa) Islâmica e de outras facções radicais menores -todas contrárias aos acordos de paz com Israel.
Arafat abraçou e beijou os islâmicos radicais, que são seus rivais na administração dos territórios palestinos. Analistas avaliam que o evento demonstra unidade palestina e serve de advertência a Israel.
O governo israelense quer que Arafat combata o Hamas, a quem atribui atentado suicida que matou 16 pessoas no dia 30 de junho em mercado de Jerusalém.
Arafat disse que os palestinos devem permanecer unidos contra Israel, que impôs duras sanções depois do atentado, como o fechamento das fronteiras da Cisjordânia e da faixa de Gaza e a suspensão da transferência de recursos para a ANP. O líder palestino afirmou que, com as sanções, Israel estava tentando "humilhar os palestinos e fazê-los passar fome".
Jamil al Majdalaui, da Organização para a Libertação da Palestina, disse que "eles estavam juntos para declarar a unidade apesar de todas as conhecidas diferenças".
O ministro de Defesa de Israel, Yitzhak Mordechai afirmou que não sabia a razão de Arafat "estar fazendo isso". Ele disse que espera que Arafat "lute dia e noite contra o terrorismo e contra a violência".
Protesto
Cerca de 1.500 palestinos fizeram ontem uma manifestação em Rafah, na fronteira com o Egito, para protestar contra as sanções de Israel. Eles saíram de Gaza em direção a Rafah em veículos escoltados pela polícia palestina.
Segundo o governador de Rafah, Abdallah Abu Samhadaneh, o objetivo do protesto foi respaldar a liderança palestina e a reunião que ocorria em Gaza.

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