São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
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Empresa aérea pede desculpas a latinos

Manual da American Airlines era ofensivo

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A American Airlines pediu desculpas públicas a seus clientes latino-americanos pelos comentários feitos a respeito deles no seu manual para pilotos.
Entre eles: o de que passageiros latino-americanos "gostam de tomar um drinque antes de o avião sair e podem fazer alarmes falsos de bombas para retardar vôos quando acham que vão chegar atrasados ao aeroporto".
O manual, em vigor desde que a American começou a operar no mercado latino-americano, na década de 80, foi divulgado ao público ontem em Miami, Costa Leste dos EUA, durante audiência preliminar do julgamento de 155 ações civis contra a companhia devido ao acidente de 20 de dezembro de 1995, quando um Boeing-757 bateu numa montanha perto da cidade de Cali, na Colômbia, e matou 159 pessoas (4 sobreviveram). O julgamento começa em setembro.
Chris Chiames, porta-voz da empresa, reconheceu que a seção sobre América Latina do manual foi "redigida de maneira desprovida de qualquer sensibilidade e fez generalizações desnecessárias". O manual será recolhido e reeditado.
A American lidera a indústria aeronáutica nos EUA. Em 1996, faturou US$ 17,75 bilhões e teve lucro de US$ 1,06 bilhão. O mercado latino-americano representa 15% dos seus negócios. A empresa opera 2.200 vôos diários, 200 para América Latina, onde tem negócios com 17 países, inclusive o Brasil.
Diversos líderes da comunidade latina nos EUA protestaram contra a American. "É inconcebível que uma empresa grande perpetue entre seus funcionários esse tipo de estereótipo a respeito de clientes que pagam pelos serviços que recebem", disse Lisa Navarrete, do Conselho Nacional da Raça.
Há três meses, quando inaugurou sua linha de Austin (Texas, sul do país) a Miami, um piloto da American pôs um sósia de Fidel Castro na porta de embarque e disse que ele iria no vôo. A empresa pediu desculpas à comunidade cubano-americana pela brincadeira.

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