São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 1997
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CRESCIMENTO COM CICLOS

A revelação de que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu, no primeiro semestre deste ano, 4,34% em relação a igual período do ano passado, superando os 5% nos últimos 12 meses, poderia sugerir ser uma realidade a retomada do desenvolvimento e a expansão das oportunidades empresariais e de emprego.
Estatísticas econômicas, entretanto, são como um espelho retrovisor: permitem sobretudo algum conhecimento sobre o passado, o que é fundamental nos negócios. Mas apenas com grandes precauções o registro do que já passou ajuda a nos guiar quanto ao futuro.
Os dois números citados já indicam alguma coisa. Afinal, em 12 meses o crescimento foi de 5,12%, mas, no primeiro semestre, em relação ao primeiro semestre do ano passado, a taxa foi menor que esta.
É portanto o caso de perguntar se o cenário é de retomada do crescimento ou de oscilações cíclicas, conjunturais, sem garantias de que no futuro venha a ocorrer uma aceleração do crescimento econômico.
Se o segundo semestre de 1997, em relação ao segundo semestre de 1996, mostrar-se pior que a comparação entre os primeiros semestres, aquela taxa mais vigorosa de 5,12% num período de 12 meses poderá perder seu efeito positivo.
Infelizmente, as indicações por enquanto são de um segundo semestre mais fraco. Levando-se em conta que o segundo semestre do ano passado foi um período de relativo aquecimento, as estatísticas nos próximos meses provavelmente vão decepcionar os mais afoitamente otimistas.
O próprio governo acredita numa taxa anual de crescimento, em 1997, da ordem de 4%. Economistas e analistas do mercado financeiro convergem para uma taxa ainda menor, mais próxima dos 3%.
A realidade é que a economia brasileira, sem entrar em recessão, vive ciclos conjunturais desde que a euforia posterior ao Real esgotou-se. Ainda é cedo para apostar numa retomada sustentada do crescimento.

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