São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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MST agora pretende pressionar a Justiça

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
EDMILSON ZANETTI

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO; EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TEODORO SAMPAIO

Movimento promete montar acampamentos em frente a tribunais para líder ter julgamento imparcial

O MST promete montar acampamentos em frente a Tribunais de Justiça de vários Estados, a partir de 13 de setembro, como forma de pressionar a Justiça a fazer um julgamento imparcial de José Rainha Júnior.
A decisão foi anunciada ontem por Gilmar Mauro, dirigente do movimento, durante entrevista em Teodoro Sampaio (710 km a oeste de São Paulo).
Rainha, um dos principais líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), será julgado no dia 16 de setembro sob acusação de duplo homicídio durante invasão de uma fazenda no Espírito Santo, em 1989.
No primeiro julgamento, em Pedro Canário (ES), ele foi condenado a 26 anos e seis meses de prisão.
A defesa do líder do MST sustenta que ele não estava em Pedro Canário na data da invasão da fazenda onde ocorreram os crimes.
Apesar da proximidade do julgamento, Mauro afirmou que o MST não deve alterar a postura para auxiliar na defesa de Rainha. Para ele, os critérios da Justiça devem ser "técnicos", e não políticos.
Mauro afirmou ainda que o MST vai dar um prazo de dez dias para o governo tomar medidas concretas para solucionar os problemas fundiários no Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo.
Até lá, o movimento poderá fazer invasões com pequenos grupos de no máximo 70 famílias.
"Vamos fazer ocupações de forma massiva. As duas ocupações pequenas desta semana foram um demonstrativo do que poderemos fazer", disse Mauro, referindo-se às invasões das fazendas Maturi 1 e Primavera 1, realizadas entre domingo e segunda-feira.
Depois desse prazo, o MST poderá realizar "megainvasões", inclusive nas fazendas protegidas com seguranças armados, mas sem provocar enfrentamentos.
Outra decisão do MST foi A DE manter em suas casas, sem criar novos acampamentos, as 14.600 famílias supostamente cadastradas nas periferias das cidades do Pontal do Paranapanema. Isso porque, segundo Mauro, o MST está tendo dificuldades para fornecer alimentos para os acampados, que estariam dispostos a invadir novas áreas imediatamente.
Espionagem
O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, disse estar orientando fazendeiros a selecionarem seguranças para a defesa da propriedades. Ele diz temer que sem-terra se infiltrem nas fazendas para espionar ações dos ruralistas.

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