São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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Confronto de guardas e camelôs fere 8

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Camelôs, guardas-civis metropolitanos e fiscais da Administração Regional da Sé entraram em confronto às 13h50 de ontem na avenida Paulista, no trecho entre a alameda Ministro Rocha Azevedo e a rua Frei Caneca (zona sudoeste de São Paulo).
A briga durou um minuto e resultou em seis camelôs e dois guardas feridos e deixou em pânico os frequentadores da avenida.
O clima entre camelôs e guardas, com provocações de ambos os lados, já indicava que o protesto dos camelôs da Paulista, que já havia sido anunciado desde anteontem, não teria final pacífico.
Minutos antes do confronto, enquanto alguns guardas batiam com os cassetetes nas palmas das mãos e anunciavam que haviam chamado os fiscais, camelôs armazenavam pedras num canteiro e diziam que só sairiam à força.
Um grupo de camelôs da Paulista foi em passeata até a prefeitura, no parque Dom Pedro (centro), pedir uma audiência com o prefeito Celso Pitta. Pitta se recusou a receber os camelôs, que marcaram o protesto para as 9h, em frente ao Masp, horário em que se concentraram no vão do museu.
Ao chegar, às 10h30, Marcos Antônio Maldonado, líder dos camelôs da Paulista, ligou para a Secretaria das Administrações Regionais e avisou que o grupo iria para a frente do banco Itaú, na esquina da Paulista com a rua Frei Caneca.
O prédio foi escolhido por ser a sede do Instituto Cultural Itaú, onde está sediada a Associação Viva a Paulista, presidida por Olavo Setúbal, que pediu ao prefeito a retirada dos camelôs.
Às 11h25, os camelôs haviam montado 25 barracas na Paulista, entre o prédio da Sul América Seguros e a lanchonete Arbys.
Por volta de meio-dia, estavam instaladas 34 barracas. Uma hora depois, já havia cerca de cem guardas, em 15 carros e 10 motos.
Os 20 fiscais da regional da Sé chegaram minutos depois e os camelôs formaram um cordão humano em torno das barracas.
O chefe dos fiscais, Pierre Saloum, e Maldonado não entraram em acordo. Saloum disse que os camelôs poderiam protestar, mas sem as barracas, pois estava ocorrendo comercialização.
Minutos antes da briga, Saloum conversou com o inspetor da Guarda Civil José Reinaldo Brígido. Disse que precisaria dos guardas, pois teria que apreender as mercadorias, e que a ordem de retirar os camelôs era do prefeito.
Às 13h50, os fiscais e os guardas tentaram romper o cordão humano. Maldonado chamou um guarda de fascista e foi preso.
Os guardas fecharam o cerco e agrediram os camelôs com os cassetetes, derrubaram as barracas e os ambulantes. Ao mesmo tempo, camelôs, em frente ao Itaú, arremessaram as pedras que haviam guardado contra os guardas. Até as 20h, a Guarda Civil Metropolitana não havia divulgado os nomes dos feridos. Brígido disse que "foi usada a energia necessária".

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