São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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MEC foi favorável à 'universidade Anhembi'

FERNANDO ROSSETTI

FERNANDO ROSSETTI; FERNANDO DE BARROS E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Decisão de transformar faculdade em universidade gera crise no conselho de educação e pode ser revista dia 2

O MEC (Ministério da Educação) votou a favor da transformação da Faculdade Anhembi Morumbi em universidade no CNE (Conselho Nacional de Educação).
A decisão favorável a essa transformação, tomada no início do mês, gerou a primeira crise do novo conselho, com o pedido -ainda não concretizado- de demissão do conselheiro e filósofo José Arthur Giannotti e a apresentação de um recurso à decisão por quatro conselheiros.
Segundo o secretário de Ensino Superior do MEC, Abilio Baeta Neves, os seis processos de transformação de faculdade em universidade aprovados este ano no CNE -entre eles a Faculdade Anhembi Morumbi, de São Paulo- foram avaliados favoravelmente por grupos de especialistas montados em sua secretaria.
Com base nesses pareceres, Baeta Neves votou no CNE favoravelmente em todos os seis processos. "Tínhamos mais de 30 pedidos desse tipo e só aprovamos esses 6."
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que está até amanhã em Nova York, evitou ontem comentar o assunto. Anteontem, declarou ao jornal "O Estado de S.Paulo" que "não se dobra a pressões políticas" e que, se Giannotti quiser, "pode ir para casa".
Giannotti, que é presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e amigo do presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmou ontem que espera "o ministro para formalizar o afastamento e discutir com ele os problemas do ensino superior".
"Espero também que a Giovanna, mulher de Paulo Renato, esteja conosco para me dar a receita do doce de abóbora que ela me ofereceu outro dia. É o melhor que eu já comi em minha vida", disse.
A disputa atual começou quando o relator (sorteado) do processo no CNE, o conselheiro Jacques Velloso, indicou em seu parecer que a Anhembi Morumbi não fosse transformada em universidade.
Outro conselheiro, Lauro Zimmer, pediu vistas do processo e escreveu outro parecer, este favorável. A votação -que ocorreu na Câmara de Ensino Superior do CNE, de 12 membros- foi de seis votos a favor e cinco contra a transformação.
Aí começou a crise. Velloso e Giannotti defendem que a Anhembi Morumbi não poderia ser considerada uma universidade em São Paulo, Estado que é o principal produtor de ciência do país, uma vez que ela não faz pesquisa.
Baeta Neves, do MEC, diz que o CNE não estava levando em conta a questão regional nas decisões sobre universidades.
A decisão final deve sair dia 2 de setembro, quando o pleno do CNE, formado por 24 conselheiros, discutirá o processo.

Colaborou Fernando de Barros e Silva, especial para a Folha

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