São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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Dono da empresa 'perdeu estribeiras", diz afastado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Encol, Jorge Washington de Queiroz, foi procurado ontem logo cedo, em sua casa no Lago Sul (bairro nobre de Brasília), pelo ex-presidente da empresa Pedro Paulo de Souza.
Segundo Queiroz, Souza chegou a passar pelo portão da casa e ameaçou invadir o quarto do administrador para acordá-lo, mas foi contido por um segurança particular da família.
Segundo a Folha apurou, Souza pretendia informar que Queiroz seria afastado do comando da Encol.
"Ele (Souza) perdeu as estribeiras", afirmou Queiroz.
O administrador e mais três diretores da Encol, indicados pelos bancos credores da empresa, tiveram os celulares cortados pelo ex-presidente da construtora.
Ainda segundo Queiroz, dois diretores da Encol foram impedidos de entrar em seus apartamentos no Hotel Metropolitan, em Brasília, que é administrado por uma filha do ex-presidente da construtora, Pedro Paulo de Souza.
Segundo Souza, a administração do hotel decidiu cobrar pela hospedagem dos diretores.
"Foi uma atitude intempestiva, que eu não esperava. Não tínhamos muito contato com ele (Souza). Era aparentemente calmo", disse Queiroz.
Depois da visita de Souza, o administrador recebeu um telefonema de sua secretária, avisando que a irmã de Souza a havia impedido de entrar na empresa e pegado as chaves dos arquivos.
Ainda pela manhã, o genro e o irmão de Pedro Paulo Souza foram até a casa de Queiroz, que não os recebeu.
O administrador da Encol afirmou que carros rondaram sua casa durante toda a manhã.
Polícia Federal
Queiroz procurou a Polícia Federal para pedir proteção. "Não quero tornar isso um caso policial, mas preciso pedir proteção para minha família."
Para a mulher de Queiroz, Ana Paula, a situação é "constrangedora". "É ruim ter de andar com seguranças para levar os filhos na escola. Além da pressão profissional, agora tem essa pressão meio maluca."
Queiroz afirmou que espera a avaliação dos advogados dos bancos para saber o que fazer em relação ao empresário e à Encol. "A recomendação é manter a calma e ficar longe do Pedro Paulo."
"Temos de manter a serenidade e trabalhar dentro da lei."
Ontem, na hora do almoço, ele esperava agentes da PF em sua casa, para acompanhá-lo até o Banco do Brasil, onde haveria uma reunião de emergência sobre o tema.
Queiroz mandou uma carta para o presidente do BB, Paulo César Ximenes, relatando o ocorrido.
Depois da intervenção do pool de bancos credores na Encol, em janeiro, Pedro Paulo ficou exilado em um prédio administrativo, em Brasília, testando novas técnicas de construção.
Ele possui 84% das ações da Encol -o restante está dividido entre 330 acionistas.

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