São Paulo, sábado, 23 de agosto de 1997
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Renuncia chefe do Estado-Maior argentino

DA REDAÇÃO

O almirante Jorge Enrico pediu demissão de seu posto de chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Argentina. A decisão, disse ele, se deveu a desentendimentos com o ministro da Defesa, Jorge Domínguez, a respeito de reformas nas Forças Armadas, mas há indícios de que o tenso processo de aproximação com o Chile o tenha levado à demissão.
Enrico disse que não foi consultado por Domínguez quanto à redução da importância do Estado-Maior, o que traria cortes no Orçamento. Ele pediu também baixa da Marinha, na qual serviu por 44 anos.
Nas últimas semanas, declarações de Enrico causaram mal-estar entre Argentina e Chile. Ele havia dado detalhes técnicos sobre exercícios militares conjuntos entre os dois países e dito que eles aconteceriam "em nível de Estado-Maior" -ou seja, Enrico teria tentado atrair para si o comando dos exercícios.
Segundo o jornal "Página 12", de Buenos Aires, o governo do Chile comunicou ao ministro das Relações Exteriores da Argentina, Guido di Tella, seu descontentamento com o almirante, o que causou seu desgaste no governo.
Na nota em que anunciou sua renúncia, porém, Enrico pediu que sua saída não afete a integração militar com os vizinhos e diz que não discorda das linhas gerais de defesa adotadas pelo governo.
Chile e Argentina mantêm disputas fronteiriças na região dos Andes há décadas. A aproximação militar recente não impediu um novo episódio da crise quando os EUA anunciaram, neste mês, que a Argentina vai se tornar um aliado militar privilegiado -o que incomodou o Chile.
O presidente Carlos Menem não quis comentar a saída de Enrico. Nos meios militares argentinos, acredita-se que, se a reforma na estrutura militar mantiver o Estado-Maior como uma força importante, o general Martin Balza (chefe do Exército) será um forte candidato a ocupá-lo. Do contrário, um militar da Aeronáutica deve ser o substituto. O general Carlos Zavala assume em caráter interino, provavelmente até depois da eleição parlamentar de outubro.
A demissão de Enrico dias depois da de outro alto oficial. O contra-almirante Basilio Pertiné deixou o posto de chefe da Aviação Naval em protesto contra cortes orçamentários.
Em seu discurso de despedida, anteontem, Pertiné pediu mais empenho no desenvolvimento de exercícios conjuntos com o Brasil para garantir o controle sobre o Atlântico Sul e lembrou as atividades que já ocorreram no porta-aviões brasileiro Minas Gerais.

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